A Boutique dos Relógios celebra o seu 20.º aniversário, com boas razões para sorrir. Afinal, tem a maior rede de lojas da Península Ibérica.
Podia ser apenas mais um comentário de um filho orgulhoso, mas a decisão de Salomão Kolinski de abrir a primeira Boutique dos Relógios em 1997 foi, sem dúvida, estratégica. Vinte anos passados, e 42 lojas depois, a Boutique dos Relógios (BR) assumiu-se como o grande player nacional neste sector. Não só em Portugal, como em toda a Península Ibérica.
O presidente do grupo Tempus, que detém a rede BR, explica a decisão: “O ramo estava a evoluir muito lentamente em Portugal. Lá fora as lojas estavam a mudar, tornando-se mais abertas ao público. Cá continuavam fechadas, e quem lá entrava sentia-se pressionado a comprar. Nós pretendemos divulgar e democratizar a relojoaria.”
Salomão Kolinski não era um principiante. Em 1977 herdou o negócio do pai, tinha então 18 anos apenas. David Jaime Kolinski, emigrou da Polónia para Portugal nos anos 30. Como era relojoeiro, a isso se dedicou, abrindo um pequeno negócio de reparações e, mais tarde, expandindo-o para a distribuição e venda. Mas foi já sob a batuta do filho que o negócio ganhou massa crítica, conseguindo a distribuição exclusiva de marcas de referência, sobretudo dentro do Grupo Swatch, como Tissot, Longines, Omega ou Breguet. E, a partir de 1997, com a expansão para o retalho.
Pouco depois, em 2001, surgia mais uma novidade, o conceito Plus, com lojas dedicadas à alta relojoaria, ao atendimento diferenciado, e capazes de “dar ao cliente uma experiência neste mundo exclusivo, com as maiores colecções de caixas de relógios da Europa, biblioteca, e a presença de um relojoeiro especializado em relojoaria mecânica”, como nos refere Salomão Kolinksi.
Mais recentemente, o grupo tem procurado também diversificar a oferta, para lá da relojoaria e da joalharia tradicionais, incluindo nas suas lojas produtos diferenciados, da tecnologia à perfumaria. David Kolinski, filho de Salomão, explica esta decisão pela necessidade de “ir ao encontro dos clientes”, para que consigam encontrar nas lojas “um conjunto de produtos que se complementem e transmitam valores do luxo e exclusividade. De uma forma diferenciadora: por exemplo, os telemóveis Vertu, ou os perfumes Creed são exclusivos nossos.”
Ao longo destes 20 anos, o crescimento deste grupo de relojoaria assentou numa forte componente familiar. Salomão Kolinski é o presidente do conselho de administração. A sua esposa, Cristina Kolinski, é a responsável máxima pelo retalho do grupo – e, portanto, pelas lojas BR. Mais recentemente juntou-se-lhes o filho David, com o pelouro de desenvolvimento de negócios, expansão e comunicação. O pai retribui o elogio inicial: “É uma pessoa muito criativa, sempre com novas ideias e muito persistente”. E assim terá de ser, porque, afinal, cabe-lhe a responsabilidade de conduzir o negócio para o futuro.
Regresso ao passado
Para alguns, 20 anos é uma vida, enquanto para outros pode não parecer muito. O facto é que existe um mundo de diferença entre o Portugal de hoje e o de 1997, ano em que Salomão Kolinski criou esta marca líder na relojoaria nacional.
Por exemplo, em 1997 apenas 6% dos portugueses tinha acesso à internet. Para 94% de nós, portanto, a internet era um conceito estranho. A Microsoft era a empresa mais valiosa do mundo e salvava a Apple da falência. Mas com o regresso do filho pródigo (Steve Jobs), o destino da marca da maçã estava prestes a mudar.
Em Portugal, a primeira fase de privatização da EDP atingiu um valor recorde de 400 milhões de contos. Contos? É verdade. O Euro ainda não tinha nascido, e usávamos escudos, lembram-se? Mas em 1997 a grande preocupação do país era a Expo 98, que abriria no ano seguinte. Já agora, António Guterres era o primeiro-ministro de Portugal e Marcelo Rebelo de Sousa o líder da oposição. No Governo, António Costa assumia a pasta dos Assuntos Parlamentares e José Sócrates tornava-se ministro adjunto do primeiro-ministro.
O mundo já se preocupava com as alterações climatéricas, mas pouco. 150 países assinaram o Protocolo de Kyoto, que os ambientalistas diziam ser demasiado tímido para conseguir estancar o aquecimento global. Como se viu, tinham razão. Apesar disso, os EUA nunca chegaram a ratificar o acordo, porque “punha em causa a economia norte-americana”, disse o então presidente Bush. Não ouvimos algo parecido, recentemente?
Nesse ano, ainda, perdemos a Madre Teresa de Calcutá e a princesa Diana, mas ganhámos uma ovelha: a famosa Dolly. E de repente o mundo ficou preocupado. Podiam clonar-se pessoas? No cinema, Titanic foi o filme do ano. Leonardo DiCaprio começou por ser o rei do mundo, mas acabou por ir ao fundo… E Portugal participou no Festival da Eurovisão com a canção Antes do Adeus, mas os resultados foram muito diferentes de 2017. Não só não ganhámos como acabámos em último, com zero pontos. Felizmente que estava lá a Noruega para dividir a honra connosco.
Foi nesse ano, também, que abriu o Centro Comercial Colombo, o maior da Península Ibérica, com mais de 300 lojas. Entre elas, uma bem nossa conhecida…
Edições Especiais
“Sendo Portugal um país apreciador de peças exclusivas e de colecção, faz todo o sentido apostar nesse segmento”, refere Salomão Kolinski, acrescentando ainda: “sempre com a preocupação de acrescentar e valorizar o património e valores portugueses.” De facto, desde cedo que o grupo se diferenciou pela aposta em modelos exclusivos, edições especiais só para o nosso país e sobre o nosso país. O primeiro modelo foi um Tissot, em homenagem à cidade do Porto, ainda em 2001. Seguiram-se vários outros até às duas edições especiais deste ano – com a inclusão pela primeira vez de um modelo feminino –, dedicadas ao centenário de Fátima. Na alta relojoaria a grande novidade é um Blancpain Cabo da Roca, baseado no modelo Villeret e com o Cabo da Roca gravado na massa oscilante. Para acentuar o carácter exclusivo, esta edição será limitada a apenas 18 peças. Mas como este é um ano especial, de aniversário, é provável que existam algumas surpresas.
Timeline
- 1997: Em Setembro, nasce a Boutique dos Relógios, com a abertura da primeira loja no Centro Comercial Colombo, em Lisboa, que também tinha acabado de abrir.
- 1998: A Boutique dos Relógios expande-se para o norte do país, escolhendo o Norteshopping, no Porto, para abrir a sua segunda loja.
- 1999: Abertura da terceira loja, desta feita no CascaiShopping.
- 2001: Surge um novo conceito: boutiques premium direccionadas para um público mais exigente. Nascia assim a Boutique dos Relógios Plus e com duas lojas: Amoreiras Shopping Center (13 de Agosto) e Centro Comercial Colombo (24 Novembro).
- 2012: Nasceu a primeira loja de rua, na avenida da Liberdade, a mais luxuosa de Lisboa. Naturalmente, tratou-se de uma Boutique dos Relógios Plus.
- 2015: É inaugurada a Avenida ART, segunda loja de rua que se assume mais como uma concept store, onde obras de arte convivem abertamente com artigos de topo.
- 2017: Abertura de mais uma loja, mas desta vez sem espaço físico. Trata-se da primeira Boutique dos Relógios digital, que entra assim na era do shopping online.