Talvez nunca um logótipo tenha definido tão bem uma marca como o da Lamborghini. Para lá dos modelos ferozes e agressivos com que a marca de superdesportivos nos maravilhou ao longo dos anos, a história conturbada da Lamborghini vive daqueles que nunca desistiram e começa com um taurino italiano em fúria…

bologna_lamborghini_photo_by_edoardo_cicchettiA celebrar este ano o seu 50º aniversário, a Lamborghini tem brindado os amantes dos automóveis desportivos e da exclusividade com alguns dos mais míticos modelos da história automóvel. No entanto, quando Ferruccio Lamborghini decidiu fabricar automóveis desportivos, poucos acreditaram que seria bem-sucedido.

Ao contrário, os que lhe eram próximos traçaram-lhe um destino fatídico, em que a sua paixão o levaria à falência. Mas Ferruccio estava decidido a provar-lhes que estavam errados… Nascido a 28 de Abril de 1916, sob o signo de Touro, Ferruccio Lamborghini fez fortuna no período que se seguiu à 2ª Guerra Mundial. Aproveitando, inicialmente, peças de veículos militares, começou a fabricar tractores e, muito depressa, se transformou num dos maiores empresários de Itália.

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Apaixonado pelo luxo, pela exclusividade, pela agressividade dos touros e pelas emoções fortes, Ferruccio decidiu lançar a sua própria marca de superdesportivos e, em Maio de 1963, em Sant’Agata Bolognese, nascia aquela que se viria a tornar numa verdadeira máquina de sonhos: a Automobili Lamborghini.

Impetuoso e com uma extravagância que muitos consideravam loucura, investiu, de imediato, na produção de um carro que brilhasse no salão “Turin Auto Show”, marcado para o início de Novembro desse mesmo ano. Ferruccio não queria só um carro bonito, queria que ele tivesse o melhor V12 do mundo. Por isso, chamou para trabalhar consigo Giotto Bizzarrini, o engenheiro por detrás dos motores mais recentes da Ferrari, Giampaolo Dallara e Giampaolo Stanzani, dois jovens e promissores engenheiros que teriam a seu cargo todos os outros elementos. Quando o 350 GT foi apresentado, uma nova estrela tinha nascido.

L12291965 e ’66 foram anos de enorme trabalho e criatividade. A Lamborghini apresentou diversos protótipos e desenvolveu o carro que colocaria o seu nome para sempre na história: o Miura.

Desenhado por Luigi Bertone, viria a definir toda uma época para os superdesportivos, com tracção traseira e motor de colocação central-traseira.

L1195 copy Da falência à ressurreição

Em 1971, o Golpe de Estado na Bolívia faria Ferruccio perder a sua maior encomenda de tractores, vendo-se obrigado a vender a totalidade da empresa de tractores e 51% da Automobili Lamborghini.  Mas, em 1973 a crise do petróleo afectava em ampla escala as vendas e, perante os constrangimentos financeiros, Ferruccio acabou por se afastar totalmente do negócio e vendeu o resto das suas acções.

1973-81_CountachO carro desenvolvido durante esse ano, o Countach LP 400, entraria em produção em 1974. Por esta altura, a Lamborghini conseguiu um contrato com a BMW, a bomba de oxigénio que manteve a marca a respirar e a trabalhar durante algum tempo. Em 1976, o Silhouette via a luz do dia, mas as modestas 54 unidades que vendeu faziam antever o pior e… em 1978, a Lamborghini entrava na falência.

Nas mãos dos tribunais, a empresa passaria a ser dirigida por dois irmãos  suíços, proprietários de uma produção de  açúcar no Senegal: Jean-Claude e  Patrick Mimran. Empresários famosos e apaixonados por automóveis, os dois irmãos transformariam o Silhouette numa versão mais aclamada: o Jalpa. Recuperaram ainda o antigo projecto da marca para a BMW de um veículo militar, lançando o  Lamborghini LM002.

Race 2

Na procura de uma maior estabilidade financeira, Jean-Claude e Patrick Mimran estabeleceram uma parceria com a Chrysler, que acabaria por comprar a totalidade da empresa em Abril de 1987. O gosto americano e o sangue quente italiano nunca encontraram sinergias, mas foi a Chrysler que lançou a Lamborghini na competição, desenvolvendo soluções para a Fórmula 1.

A Chrysler acabou por vender a empresa a um grupo de investidores da Indonésia, que procuraram o apoio da Audi, já integrada no Grupo Volkswagen, para o desenvolvimento de novos modelos.

A crise financeira que se instalou na Ásia em 1998 ditaria os termos para uma nova mudança e o Grupo Volkswagen, liderado pelo neto de  Ferdinand Porsche, acabaria por comprar a Lamborghini. Os anos que se seguiram foram de reorganização e estabilização.

A Lamborghini recuperou o seu ADN e modelos como o Murciélago, o Gallardo, o Revénton e o Aventador tornar-se-iam carros de sonho. Sempre com oscilações em termos de vendas quando a crise financeira ameaça, a verdade é que a Lamborghini se transformou numa marca de culto e, pelo clube de fãs que conquistou, certamente continuará a contrariar as adversidades por mais 50 anos. Afinal, o Touro nunca se rende!…

Sol de Maio

Aventador LP720-4

mtf_5849aPara comemorar o seu aniversário, a Lamborghini lançou uma nova versão do Aventador. O LP720-4 «50 Aniversario Edition» foi apresentado no Salão de Xangai e, desde logo, reuniu os aplausos da crítica. Verdadeira ostentação de luxo e exclusividade verá a sua produção limitada a umas exclusivas cem unidades. Para ser proprietário de um terá de despender, no mínimo, 400 mil euros. Mas o Aventador LP720-4 50 Aniversario promete ser tudo o que um superdesportivo significa e um pouco mais… Adquirir um, mais do que comprar um Lamborghini, é ter um pedaço da história da icónica marca.

Pintado num amarelo ‘Giallo Maggio’, evoca a cor mais requisitada pelos clientes na época do Miura, ao mesmo tempo que a tonalidade Maggio (Maio em italiano), aponta para os tons típicos do mês em que a Lamborghini foi fundada, destinada a encher de luz e calor as almas dos apaixonados por automóveis.

Incorporando novos elementos aerodinâmicos, como o difusor traseiro sobredimensionado, as entradas de ar e o novo spoiler dianteiro, a sua imagem faz recordar o mais bravo dos Touros, pronto a lutar com todas as suas forças e a fazer o impensável. Com uma melhoria aerodinâmica de cerca de 50% em relação ao Aventador ‘normal’, recebeu um novo fôlego do bloco V12 de 6,5 litros, que agora desenvolve 720 cavalos (mais 20 cavalos do que a versão original do motor). Números que, combinados com a sua estrutura em carbono e melhorias no coeficiente aerodinâmico, o fazem voar dos 0 aos 100 km/h nuns impressionantes 2,9 segundos e atingir uma alucinante velocidade máxima de 350 km/h.

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Apaixonada por automóveis e em demanda de emoções fortes, no momento de escolher uma vertente do jornalismo, Andreia Amaral não teve dúvidas de que escrever sobre carros seria o que a faria feliz. Ao longo da sua carreira, trabalhou para diversas publicações do sector. Ecléctica em interesses, hoje, divide o seu tempo entre dois amores: os motores e a Economia. Para além de colaborar com diversas revistas, é editora da Turbo Oficina e do Guia Empresarial (suplemento do JN).