
Longe das tardes calmas ou de qualquer sonolência inebriante, o Porsche 911 continua jovem, de boa saúde e pronto para as curvas, ou não fosse ele o desportivo mais bem-sucedido de todos os tempos. A comemorar o seu 50º aniversário, mantém-se como um objecto de sonho.
Há 50 anos a fazer vibrar os entusiastas de emoções fortes, o Porsche 911 conjuga o peso da lenda com a aura de uma grande promessa e associa um palmarés de vitórias à certeza de um futuro risonho. Mas como consegue uma marca manter um automóvel apaixonante, jovem e brilhante por cinco décadas?

Para muitos, a fórmula de sucesso reside na manutenção do seu conceito original. É que, se percorrermos com o olhar as diversas versões, desde a primeira, lançada em Setembro de 1963, até à última, prestes a invadir os mercados, existe uma continuidade no design, como se de sósias se tratassem.

O que mudou então? Toda a componente mecânica. Porque, aí, a Porsche quer estar na vanguarda, desenvolvendo novos mecanismos, antecipando tecnologia, tudo para que o 911 se mantenha igual a ele próprio: um desportivo para a estrada, um supercarro para o dia-a-dia.
Por isso, houve outras coisas que permaneceram: a sua música inconfundível, tocada por um motor boxer de 6 cilindros colocado atrás do eixo traseiro, performance dinâmica e tracção traseira.

A história do mítico automóvel começou a desenhar-se uma década antes do seu lançamento. Por essa altura, o 356, o primeiro modelo de produção da companhia familiar, começava a enfrentar algumas limitações e o seu motor de 40 cavalos, que o tinha levado ao sucesso nas estradas e nas pistas, começava a mostrar-se insuficiente.

Ferry Porsche, que tinha começado a trabalhar na empresa do seu pai, Ferdinand Porsche, para fazer os esboços dos projectos e testar unidades, decidiu então que o melhor seria desenvolver um carro totalmente novo. O objectivo era ambicioso, até porque a companhia era pequena. Mas Ferry Porsche acreditou no projecto e pediu aos seus engenheiros que desenvolvessem um motor mais potente e criassem um automóvel mais confortável.
Motivados, os seus colaboradores entregaram-lhe um motor 2.0 com 130 cavalos. Concebido com recurso a materiais como o alumínio e o magnésio, estreava a lógica dos (seis) cilindros opostos, no conceito conhecido como “boxer”.
O motor era, como o do 356, posicionado na traseira, mas a suspensão foi substituída para melhorar o conforto e a resposta do veículo. Seria o filho de Ferry, Ferdinand Alexander “Butzi” Porsche, na altura um jovem de apenas 25 anos, que desenharia as eternas linhas do 911: um coupé de contornos suaves, capot alongado e carácter desportivo.
Mais espaçoso e confortável que o 356, ganhou, rapidamente, uma legião de adeptos e, em pouco tempo, tornou-se num sucesso de vendas.
Novo 911 GT3
O sucessor
O mais recente herdeiro deste mítico legado é o 911 GT3, lançado com o intuito de iniciar um novo capítulo dos veículos desportivos com performances de competição para a marca. A quinta geração do desportivo GT3 foi desenvolvida de raiz, contando com motor, transmissão e chassis são totalmente novos. O objectivo da Porsche foi colocá-lo na “pole position” dos modelos com motor aspirado. Aspiração alcançada através de um incremento da potência máxima para os 475 cavalos. O motor de seis cilindros foi desenvolvido a partir do bloco do 911 Carrera S, alvo de ajustes ao nível da cambota, válvula de engrenagem, pistons e nas barras de ligação. Também a caixa de dupla embraiagem Porsche Doppelkupplung (PDK) foi reformulada para oferecer um melhor desempenho e dinâmica.
Com uma relação peso/potência: 3,0 kg/cv, o GT3 realiza o sprint dos zero aos 100 km/h em apenas 3,5 segundos, alcança os 200 km/h em menos de 12 segundos e atinge uma velocidade máxima de 315 km/h.
E porque o que sempre fez o 911 GT3 brilhar foram as suas excepcionais capacidades dinâmicas e performances acima da média, a Porsche empenhou-se para não desiludir os fãs do modelo. No novo GT3 a Porsche recorre, pela primeira vez, a um eixo traseiro direccional activo para alcançar uma maior precisão e uma dinâmica superior em curva. Segundo explica a marca, “dependendo da velocidade, o eixo traseiro roda na mesma direcção ou na direcção oposta às rodas da frente, incrementando a estabilidade e a agilidade”. Também o diferencial autoblocante electrónico variável, os novos apoios dinâmicos do motor e o novo chassis em alumínio (ajustável em altura, convergência e camber) cumprem o mesmo propósito.
Prometendo performances estonteantes, o novo Porsche 911 GT3 deverá chegar ao mercado em Agosto de 2013, com um preço de venda a rondar os 180 mil euros.
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