Se é daquelas pessoas que anda sempre a correr e as suas férias perfeitas são passadas a bordo de um luxuoso iate, pare para ler este artigo. Barefoot Luxury é a nova tendência no turismo de luxo, num apelo à vida simples, experiências autênticas e sustentabilidade. O conceito já conquistou inúmeros adeptos em todo o mundo, mas não precisa de sair de Portugal para encontrar verdadeiras preciosidades. Deixamos-lhe algumas sugestões.

Todos nós já sonhámos, nem que seja por breves instantes em conseguir um gadget de última geração, ter um modelo exclusivo de alta relojoaria ou gozar férias numa ilha longínqua e paradisíaca. Hoje sonhamos também em ter tempo, e consegui-lo é o derradeiro luxo.

Corremos de manhã à noite, apetrechados de tecnologia e com os olhos colados aos ecrãs para que nada do que acontece no mundo nos passe ao lado, na tentativa última de cumprir a nossa agenda diária. Desejamos avidamente uma desaceleração deste nosso ritmo frenético, uma vida pau- sada, com vagar para nos reencontramos de forma genuína connosco próprios, com os outros e para nos conectarmos de novo com a natureza.

Esta busca incessante de tempo para desligar e relaxar é um valor em alta, que está no centro das atenções. O movimento SLOW LIFE – Sustainable Local Organic Wellness Learning Inspiring Fun Experiences ganha cada vez mais adeptos, numa revo- lução subtil que contraria a nossa obsessão com a velocidade e vai alterando a nossa forma de estar e de viver, em que a redes- coberta do que é ter uma vida harmoniosa é prioridade absoluta.

 

BAREFOOT LUXURY:
VIAGENS AUTÊNTICAS, COM BOM GOSTO

Associado a este conceito surge outro que se tornou uma das grandes tendências no turismo de luxo: o Bare­foot luxury. Mas desengane-se quem está já a pensar em resorts de luxo, cocktails à beira mar e pés na areia. Bare­foot Luxury vai mais além. Convida-nos a adoptar um estilo de vida simples num hotel de alto nível, a ter experiências autênticas em total respeito pela cultura e a comunidade local. É um turismo fortemente comprometido com prin­cípios de sustentabilidade, privilegiando materiais naturais de origem local na decoração do espaço, gastronomia baseada no conceito farm-to-table e uma oferta de acti­vidades focadas na descoberta do “eu”, no bem-estar e na plena comunhão com a natureza.

Uma especialista norte-americana em comportamentos de consumo e motivações dos consumidores de luxo, Pam Danziger, referiu numa entrevista estarmos a assistir a “uma mudança geracional que está a redefinir os padrões de consumo no segmento de luxo”, incluindo nas viagens. Esta mudança é sobretudo impulsionada pelos millennials, que, diz ela, “privilegiam a substância em detrimento do estilo” e as suas opções de consumo “reflectem aquilo que são e não o dinheiro que podem gastar”. Procuram, por isso, “experiências reais, diferentes, com significado e que transformam as suas vidas. Querem sujar as mãos, os pés e experienciar verdadeiramente os destinos e os habitantes locais”.

Saborear uma refeição com os produtos que nós próprios colhemos na horta ou pisar as uvas da “nossa vindima” deixaram de ser uma excentricidade e passaram a ser acti­vidades cada vez mais requisitadas e apreciadas. Desligar o telefone e entregar-se de corpo e alma a um retiro de ioga, meditação ou um dia de Spa é uma necessidade tão real como aproveitar a tranquilidade, respirar lentamente e ter tempo para não fazer nada