Existem dois globos que dominam o céu. Em termos de importância, um ultrapassa o outro em grande escala. Com efeito, sem este último, a vida não existiria; quanto ao outro, tudo seria certamente diferente, mas o planeta sobreviveria. Contudo, ao longo dos milénios, estranhamente, foi o menos importante destes dois objectos celestes o mais estudado pelos amadores. Esse objecto é, claro, a Lua.

Isto não significa que temos as nossas prioridades viradas do avesso. Devido à intensidade abrasadora da sua luz, que proíbe um estudo mais profundo a olho nu, o Sol dificilmente se apresenta tão legível como a Lua enquanto objecto de contemplação. De facto, emprestando-se tão abertamente à imaginação dos povos antigos, algumas culturas, sobretudo na Mesopotâmia, India e Egipto favoreceram a Lua face ao Sol. Outros adoptaram a Lua como elemento central da sua religião.

Naturalmente, com a repetição progressiva e constante das suas fases, a Lua surgiu proeminentemente nos calendários. Durante milhares de anos, e mesmo hoje, o calendário chinês é baseado nas fases da Lua. Já os ocidentais, tão habituados ao calendário gregoriano, promulgado pelo Papa Gregório XIII e baseado no Sol, esquecem-se que, nos primórdios da civilização, era a Lua que assumia papel central nos cálculos dos calendários ocidentais. Por exemplo, o calendário juliano adoptado por Júlio César era baseado no sol e na Lua.

Antes dele, o calendário romano contruía cada mês de acordo com a Lua, com cada fase a representar uma divisão mensal. Indo ainda mais atrás, os gregos antigos modelaram o seu calendário apenas de acordo com a Lua, com cada mês a começar na Lua Nova e apresentando um final a cada Lua cheia.

Além da religião e calendários, as fases da Lua têm tido um papel importante no quotidiano. Antes dos modernos sistemas de iluminação, a Lua cheia, que ilumina o céu 25 vezes mais do que, por exemplo, um dos quartos, era benéfica para trabalho nocturno pelos agricultores que podiam continuar o seu trabalho diário pela noite dentro. Daí a origem da expressão “Lua da colheita”. Saber as fases da Lua também teve um papel militar importante. Júlio César preferia começar o ataque sob o céu negro da Lua nova, esperando que a escuridão confundisse e desorientasse o inimigo. A filosofia oposta guiou o General Eisenhower no planeamento do Dia D. Este seleccionou o dia próximo à Lua cheia pela necessidade de, com a luminosidade extra, ajudar os paraquedistas e planadores que seriam largados por trás das linhas na noite anterior ao desembarque na Normandia.

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As fases da Lua na relojoaria

Perante este cenário, é sem surpresa que, praticamente desde o princípio da construção das primeiras peças do tempo, a exibição das fases da Lua foi adoptada como elemento central. O mais antigo aparelho mecânico a exibir as fases da Lua acredita-se ter sido construído por Arquimedes, antes de 200 A.C.
Claro que mais tarde, depois da invenção da roda de balanço pelo matemático holandês Huygens, em 1675, que, pela primeira vez, abriu a possibilidade de inventar sistemas de escape para uma medição precisa do tempo, as indicações das fases da Lua juntaram-se a outras complicações para trazer interesse às peças do tempo agora totalmente úteis.
Séculos mais tarde, a indicação das fases da Lua viria a assumir um papel central na relojoaria. Nos anos setenta, a totalidade da indústria relojoeira suíça foi assolada pela crise. O mercado foi inundado com relógios de quartzo baratos e, há que dizer, altamente precisos. A resposta inicial da maioria da indústria foi baixar ridiculamente a oferta de peças do tempo mecânicas. Num esforço fútil de competir com os relógios de quartzo baratos, as empresas suíças retiraram as complicações dos seus relógios mecânicos. Embora muita desta remoção de complicações possa ter baixado o custo, este era um jogo que as empresas de relojoaria mecânica não podiam vencer. Não importa o que fosse feito, o quartzo seria sempre mais barato. Uma a uma, as manufacturas suíças desapareceram ou procuraram a sobrevivência através da consolidação.

Quando a Blancpain moderna emergiu na década de oitenta, tinha uma ideia diferente. Em vez de competir com relógios de quartzo baratos naquele segmento do mercado, a Blancpain quis demonstrar que uma peça do tempo mecânica era algo diferente, era uma peça rara de arte mecânica que transportava consigo um trabalho manual magnífico e séculos de tradição relojoeira. E que forma mais enfática de fazer essa declaração do que com um relógio que oferecesse uma exibição da Lua? De facto, em vez de tornar mais barata a relojoaria do Vale do Jura, a Blancpain enriqueceu-a quando introduziu o seu o primeiro relógio com fases da Lua em 1983.

Desde essa estreia crucial em 1983, a complicação das fases da Lua tornou-se um símbolo ou, de outra forma, uma assinatura da Blancpain. A devoção da casa à Lua levou-a a apresentar as fases da Lua em mais variedades de peças do tempo do que qualquer outra marca. Naturalmente, o estilo desse primeiro modelo, com uma janela de fases da Lua às 6h, dia da semana e mês em pequenas janelas e a data através de um ponteiro suplementar, tem sido, sem interrupções, uma peça permanente nas colecções Blancpain.

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Houve muitos marcos na evolução das peças do tempo Blancpain com esta exibição emblemática e agora icónica: aumento na reserva de marcha de 40 para 48 horas; introdução de um modelo com 100 horas de reserva de marcha, incluindo a muito procurada edição limitada numa versão com caixa com tampa; a rara edição coleccionável de aniversário em 2003 com o rotor especialmente gravado à mão “homem na Lua”; o primeiro relógio de pulso do mundo com correctores sob as asas que permitiam ajustar todas as indicações com a ponta dos dedos e ao mesmo tempo remover os correctores das laterais do relógio para um perfil mais sóbrio; a introdução das fases da Lua na colecção feminina; com o lançamento da colecção L-evolution, o primeiro calendário completo com fases da Lua a alcançar uma reserva de marcha de oito dias e um mecanismo seguro de calendário/fases da Lua protegido contra danos caso o utilizador ajuste o relógio durante as horas de mudança do mecanismo; o primeiro relógio de mergulho com indicação completa de calendário/fases da Lua na colecção Fifty Fathoms; o modelo Villeret actual, que oferece as três ultimas inovações – oito horas de reserva de marcha, correctores sob as asas e mecanismo de segurança do calendário/fases da Lua.

Muitas outras melhorias técnicas foram adicionadas ao movimento durante estas mais de três décadas de evolução. As rodas de balanço são agora livres de molas, com parafusos de regulação em ouro e equipadas com espirais em silício para oferecer uma melhor média de marcha e protecção contra o magnetismo. Os modelos com oito dias de reserva de marcha foram desenhados com três tambores de corda principais. Embora a progressão dos modelos da agora clássica exibição calendário completo/fases da Lua seja importante, também o é o surgimento das fases da Lua com outras complicações. Na colecção actual, a Blancpain oferece as fases da Lua com uma variedade de modelos com calendário perpétuo. Isto inclui, na colecção Villeret, o Calendário Perpétuo 8 Dias e o Calendário Perpétuo. Antigamente, na colecção Le Brassus, a Blancpain apresentava o Calendário Perpétuo Cronógrafo Flyback Rattrapante.