Com um design familiar, a Blancpain apresenta um turbilhão totalmente novo.

Antes de fazermos uma análise detalhada do Villeret Turbilhão 12 Dias e do seu movimento, calibre 242, vale a pena fazer uma pequena pausa para rever quais os pontos essenciais do turbilhão. O turbilhão, inventado e patenteado por Abraham-Louis Breguet em 1801, foi concebido para melhorar a cronometria do relógio.

Todos os relógios estão sujeitos a pequenos erros de marcha induzidos pela gravidade quando o relógio está na posição vertical; nalgumas posições verticais, as forças gravitacionais fazem com que o relógio adiante ligeiramente e noutras com que atrase.

A ideia base de um turbilhão é cancelar esses erros ao girar constantemente a 360 graus os elementos que mantêm a marcha do relógio. Esta rotação passa os elementos da roda de balanço e do escape, que mantêm a marcha, através das posições “rápida” e “lenta”, fazendo com que, em princípio, uma cancele a outra.

A construção clássica do turbilhão, descrita na primeira patente e seguida desde então, utiliza uma gaiola que transporta a roda de balanço e o escape e que gira em torno de uma engrenagem fixa. Em todos os turbilhões, e em contraste com o Blancpain Carrousel, que também cancela os erros da marcha ao rodar os componentes cronométricos, a rotação da gaiola está directamente ligada ao escape.

A energia fornecida pela engrenagem do relógio para rodar a gaiola também serve o escape e, se essa rotação à volta da engrenagem fixa parar por alguma razão, o relógio também pára.

Não há dúvida de que haverá alguns conhecedores da Blancpain que, depois de um breve olhar ao Villeret Turbilhão 12 Dias, e após espiarem uma forma familiar da gaiola do turbilhão, podem concluir que se trata apenas de uma actualização de um movimento que está na colecção há muitos anos. É o problema dos breves olhares, porque nada podia estar mais longe da verdade. Certamente que a forma da gaiola pode homenagear a longa história do turbilhão Blancpain, assim como a colocação descentrada da roda do balanço, mas este é um movimento 100% novo.

Era importante para Marc A. Hayek desde o princípio deste projecto de desenvolvimento que a Blancpain respeitasse a tradição. A arquitectura da gaiola do turbilhão, a localização descentrada da roda de balanço e a ausência de ponte superior (o que o torna um “turbilhão voador”, que descreveremos em profundidade mais à frente neste artigo) foram todos marcos relojoeiros e estreias quando a Blancpain os introduziu em 1989.

De facto, quando foi lançado, era o primeiro turbilhão voador de um minuto do mundo num relógio de pulso e oferecia a mais longa reserva de marcha da história para um turbilhão, 8 dias. Ironicamente, tornou-se tão reconhecível que a equipa da Blancpain constatou que quando os contrafactores tentam imitar um turbilhão, as formas que frequentemente usam são as deste design clássico da Blancpain.

A Blancpain pode ter preservado este ADN essencial, mas, como veremos, este movimento, o calibre 242, é completamente novo.

Antes de iniciar viagem sobre todas as novas características e construções do Villeret Turbilhão 12 dias, foquemo-nos por uns minutos naquilo que os olhos não vêem: a performance. O nome diz tudo. Este é um turbilhão que oferece 12 dias de reserva de marcha.

Na realidade, o relógio pode funcionar durante cerca de 14 dias, mas para ser conservador está registado com 12. Nenhum outro turbilhão de corda automática consegue igualar esta performance. E o que é mais impressionante é que esta capacidade recorde foi alcançada com apenas um tambor de corda. Claro que o tambor de corda é grande, tanto em diâmetro como em espessura. Este ocupa praticamente toda a altura do movimento.

O seu disco de corda (denominado “rochet”) é visível através do fundo do relógio na posição das 6 horas ostentando uma roda decorativa (com a forma de jante, assinatura da Blancpain) no topo.

Um bom local para começar a inspecção ao calibre 242 é a roda de balanço. Concebida em Glucydur com tratamento preto, com braços em forma de semi-espiral, o anel exterior é curvado para dentro em cada uma das posições dos parafusos reguladores em ouro. Existem duas razões importantes para esta curvatura para dentro.

Dado que a curvatura é para o interior, as cabeças dos parafusos reguladores não sobressaem para além da circunferência exterior da roda. Isto permite colocar uma roda de balanço maior que não necessita estar confinada à gaiola, o que seria o caso se não existisse a curvatura. De facto, com 7,95 mm de diâmetro, esta é a maior roda de balanço em todos os turbilhões Blancpain. Existe uma segunda razão importante que motiva a forma distintiva desta roda de balanço.

Com os parafusos reguladores “afundados”, há menos resistência ao ar à medida que a roda de balanço oscila para a frente e para trás, particularmente dado que os seus elementos passam muito próximo dos suportes da gaiola.

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