Há vários anos que Brooklyn ganhou, por mérito próprio, estatuto de bairro cool. Com alguns dos melhores museus e galerias de arte de Nova Iorque, bares e restaurantes da moda e bairros residenciais com preços dignos do Upper East Side ou West Village, é o novo centro do mundo.

Há umas décadas, nenhum turista no seu juízo perfeito pensaria em gastar um dia de férias numa visita a Brooklyn. Este bairro de imigrantes onde vivia a maior comunidade judaica dos EUA era um mundo distante, longe do glamour de Manhattan. No máximo, atraía pessoas à procura de rendas mais acessíveis, o que nem sempre era sinal de sucesso ou felicidade…

I can’t move to Brooklyn, even cabs won’t go there!”, dizia Miranda Hobbs, uma das personagens de “Sexo e a Cidade” quando confrontada pelo namorado com a ideia de irem viver para uma casa maior… Estávamos em 2004 só que, entretanto, quase tudo mudou. Brooklyn anda nas bocas do mundo e já não é apenas o local onde nasceu e cresceu Woody Allen ou Jerry Seinfeld. Estrelas de cinema como Ethan Hawke, Daniel Craig e Matt Damon compraram casa nos cada vez mais exclusivos bairros de Brooklyn Heights e Cobble Hill. E, à semelhança do que um dia escreveu Truman Capote, todos eles podem agora dizer: “Eu moro em Brooklyn. Por escolha própria.”

Jane’s Carousel

Para uma nova geração de nova-iorquinos, a ilha (Manhattan) é a velha Nova Iorque, cheia de banqueiros, turistas e lojas de marcas internacionais de luxo – nada de interessante, portanto –, enquanto Brooklyn é o lugar onde as coisas acontecem…

 

24 horas não bastam

Várias linhas de metro ligam Manhattan a Brooklyn em menos de 15 minutos, mas nada bate a travessia a pé (ou de bicicleta) da Ponte de Brooklyn, a primeira ponte suspensa em aço do mundo e um dos monumentos-símbolo da Grande Maçã. É a forma mais épica de chegar ao DUMBO (Down Under the Manhattan Bridge), um bairro inicialmente criado para alojar artistas, agora repleto de restaurantes concorridos (do Juliana’s Pizza ao Cecconi’s) e atracções como o Jane’s Carousel (um carrossel vintage protegido por uma estrutura em vidro desenhada por Jean Nouvel) e o Brooklyn Ice Cream Factory.

No entanto, com a abertura de hotéis como o 1 Hotel Brooklyn Bridge, há quem já opte por fazer o percurso contrário: dormir em Brooklyn e ir um dia ou dois a Manhattan. Este hotel de luxo eco chique abriu há pouco mais de um ano, e tem feito furor graças à decoração feita de madeiras recicladas e janelas panorâmicas, bem como sua piscina e rooftop bar com vista directa sobre o skyline mais famoso do mundo. Fica instalado bem em cima do Brooklyn Bridge Park, um dos novos locais de recreio dos nova-iorquinos, ideal para piqueniques, mercados de rua e até sessões de cinema ao ar livre, e a dois passos de Brooklyn Heights, “o primeiro subúrbio da América”, onde viveram notáveis como Capote, Norman Mailer, Arthur Miller e Walt Whitman, e onde se situa a Brooklyn Historical Society, museu e biblioteca que se dedica a preservar a herança desta cidade dentro da cidade, fundada por holandeses, em 1634.

Jornalista Viciada em hotéis, Catarina Palma está sempre a par das últimas novidades da hotelaria mundial. Começou a trabalhar no jornal PÚBLICO, mas foi a escrever sobre viagens que descobriu a sua verdadeira paixão. “Quem quer escrever sobre políticos, quando pode escrever sobre o melhor do mundo?” Directora da Rotas & Destinos durante mais de 10 anos, revista de viagens que deixou saudades, coordena actualmente o projecto Lisbon Shopping Destination e escreve sobre temas de luxo e lifestyle para diversas publicações, como a TURBILHÃO.