Isolado, tradicional, puro e mágico, o Butão é o último dos reinos budistas dos Himalaias. Um pequeno país rodeado de montanhas, onde mosteiros coloridos e fortalezas centenárias guardam vales verdejantes e florestas envoltas em nevoeiro. Uma viagem de sonho que poucos podem dar-se ao luxo de um dia concretizar.
Aninhado entre o Tibete e o Nordeste da Índia, o Butão é um destino com tanto de longínquo, como de conto de fadas. Célebre pelo seu isolamento, vetou a entrada a estrangeiros até à década de 1970, o que lhe conferiu um estatuto quase mítico. Dono de paisagens de beleza natural intocada e de uma cultura milenar praticamente incólume ao mundo moderno, está no topo da Bucket list de qualquer viajante que se preze. Uma aura que se explica de várias formas.
Com apenas 700 mil habitantes – maioritariamente monges e trabalhadores rurais que usam vestes tradicionais por opção –, é o último dos reinos budistas dos Himalaias, e também por isso considerado um refúgio espiritual para celebridades como Richard Gere, Keanu Reeves ou Uma Thurman. Depois, porque há 45 anos, numa inteligente manobra de marketing, o então rei Jigme Singye Wangchuk (que em 2006 abdicou a favor do filho) anunciou que, em vez de medir o Produto Interno Bruto, o Butão mediria a Felicidade Interna Bruta, e que esse seria o seu indicador de prosperidade. Desde então o epíteto de “Reino da Felicidade” tem sido repetido à exaustão pelo mundo ocidental…
É um facto que o número de turistas tem vindo a aumentar, mas continua a ser uma entrada controlada. Ninguém pode entrar no Butão de forma espontânea. Não vale a pena pensar em comprar uma passagem área e chegar aqui de mochila às costas. Com uma tarifa turística obrigatória de 250 USD por dia, os visitantes vêm através de agências de viagens, sempre acompanhados de guias, condição “obrigatória” para a obtenção de visto.
O governo defende que estas restrições são necessárias para evitar que a sua cultura frágil seja esmagada pelo turismo de massas. O número de hotéis internacionais no Butão é limitado, e foram quase escolhidos a dedo. Basta dizer que a primeira marca de luxo a instalar-se no reino foi a Aman, a muito exclusiva cadeia de hotéis-resort de origem asiática. Conhecida pelo serviço discreto e personalizado que presta aos seus hóspedes, encaixa na perfeição no espírito de procura de felicidade local.
Monges Budistas em Thimphu
A Aman (cujo nome em sânscrito significa paz) baptizou de Amankora os cinco pequenos lodges que possui espalhados por diversos pontos do reino – Thimphu, Paro, Gangtey, Bumthang e Punakha –, pois estes têm como missão facilitar a “kora”, a chamada “viagem circular” de descoberta.
O lodge em Paro fica a apenas 30 minutos do aeroporto internacional, no entanto está perfeitamente escondido entre as árvores de uma densa floresta de pinheiros. As suas 24 suites de dimensão extraordinária são um santuário de luxo minimalista onde se destacam as janelas com vista para o pico nevado do Jhomolhari, uma grande banheira e uma salamandra tradicional. A partir daqui, é obrigatória a caminhada de quatro horas até ao Ninho do Tigre, um mosteiro do século VII pendurado numa escarpa a 3200 metros de altitude, onde se acredita o guru Rinpoche, fundador do budismo tibetano, terá meditado.
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Amankora Punakha
Amankora Punakha
Punakha Lodge
Amankora Punakha
Construído ao estilo de uma “dzong”, a fortaleza tradicional, o Amankora Thimphu encontra-se numa encosta com vista para Thimphu – que ostenta o título de única capital mundial sem semáforos. Aqui vale a pena visitar os grandes mosteiros-fortaleza de Tashichhoedzong e Changangkha Lhakhang; conhecer a manufactura de papel Jungshi e a escola Zorig Chusum, onde são ensinadas artes tradicionais, como pintura religiosa ou talha em madeira; e fazer compras no grande mercado da cidade. E porque não uma aula de arco e flecha, o desporto nacional do Butão?
Tiger’s Nest
Apesar de já ser possível fazer a ligação entre os vários lodges de helicóptero (as distâncias não são longas, mas obrigam a muitas horas de estrada, entre vales e montanhas), o acesso tradicional ao Amankora Punakha é feito através de uma ponte suspensa sobre o rio Mo Chhu. Com apenas oito suítes e a única piscina do país, o edifício integra uma tradicional casa de campo com vista para os campos de arroz, muito perto do Punakha Dzong, a mais bela das fortalezas e o local onde todos os reis foram coroados.
No Gangtey Lodge, no interior de uma importante reserva de vida selvagem, com vista para um mosteiro do século XVI estranhamente silencioso, é possível explorar o vale a pé ou de bicicleta, tentando avistar um grou de pescoço preto, pássaro ameaçado de extinção e cuja morte é punida com prisão perpétua. Por último, o Bumthang Lodge situado junto ao palácio real do Vale de Choekhor, uma área que acolhe 29 templos e mosteiros budistas, é o local ideal para uma oração na companhia de monges e ter uma visão mais profunda do Butão espiritual.
Gangtey Dzong
Gangtey Lodge Suite
A par de mitos de dragões, ietis e outros animais místicos, danças de mascarados e rituais de purificação, o respeito pela natureza alimenta a beleza etérea deste canto perdido nos Himalaias. As suas florestas coloridas por flores silvestres são o santuário de leopardos e tigres, pandas vermelhos e ursos negros, elefantes e takins (uma cabra-gnu que é o animal-símbolo do Butão), cuja observação é uma das grandes aventuras que aqui pode viver.
Punakha Dzong Suspension Bridge
Archery competition
E se é verdade que os amanjunkies – como são chamados os clientes mais fiéis – não trocam os Amanresorts por nenhum outro hotel, o mundo das viagens aguarda com grande expectativa a inauguração de um conjunto de cinco lodges da Six Senses, cujos hotéis-spa de luxo são reconhecidos pelas políticas de sustentabilidade e servem de exemplo de boas práticas na área do turismo. Há quem diga que é o princípio do fim, mas pode ser apenas um novo caminho para a felicidade.