Esta é uma das propriedades mais antigas da Toscana. Mas mais do que um resort de luxo, Castiglion del Bosco é a concretização do sonho de um herdeiro do império Salvatore Ferragamo. Uma casa de campo onde reinam o bom gosto, a tranquilidade e os vinhos de excepção.

A localização é perfeita. Não é longe de Florença (a apenas 90 quilómetros), nem de Siena (a 30 minutos de viagem), duas das mais fascinantes cidades de Itália. A paisagem é digna do mais belo quadro renascentista, com montes e vales verdejantes, florestas habitadas por lebres, faisões, veados e javalis, e estradas ladeadas por ciprestes, árvore-símbolo da Toscana que os etruscos acreditavam ter poderes sobrenaturais, assegurando uma passagem segura para o paraíso. Nesta altura do ano, as tonalidades de verde dão lugar a um cenário banhado a tons dourados, mas nem assim a paisagem perde encanto. Na verdade, até ganha uma certa aura nostálgica (será mágica?) que deixa quem aqui chega perplexo com tamanha beleza e tranquilidade. Não será por acaso que esta região, integrada no parque natural de Val d’Orcia, é património da Unesco desde 2004.

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Hoje, o Castiglion del Bosco é um hotel de luxo gerido pela Rosewood, reputada marca do mundo da hotelaria. Mas nem sempre foi assim. Esta é uma das propriedades mais antigas da Toscana e, no alto da colina onde hoje há luxuosas suites com terraços, existia uma vila (il borgo) abandonada. Com mais de 800 anos de história, este aglomerado de casas era dominado pelas ruínas de um castelo, uma propriedade feudal recheada de memórias à espera de uma nova oportunidade.


 

Viagem no tempo

A estrada pela qual se faz o acesso ao resort é a célebre Via Francigena (“o caminho que vem de França”), a mesma percorrida por mercadores e peregrinos no seu trajecto de Canterbury até Rome que deverão ter procurado conforto na igreja da aldeia. Ficar alojado aqui é quase fazer uma viagem no tempo. Il Borgo, o edifício principal acolhe 23 suites com áreas generosas (mínimo de 50 m2) e impecavelmente decoradas com mobiliário de época, quadros antigos e peças de artesanato. A sensação é de estar numa (luxuosa) vila do século XVI e não num grande hotel. A reconstrução dos edifícios preservou ao máximo os elementos originais, deixando expostas as grandes vigas de madeira, as tijoleiras rústicas ou as grandes chaminés de lareiras. A qualidade e o extremo bom gosto estão presentes em toda a parte, como na escolha dos tecidos, tapetes ou couros, ou não estivemos nós a falar de uma casa com a assinatura Ferragamo.

O conforto do século XXI não falta em nenhuma situação, mas a verdade é que todas as modernidades e tecnologias estão perfeitamente enquadradas no ambiente renascentista de Castiglion del Bosco. E para quem viaja em família (o hotel possui inúmeras actividades e serviços a pensar nos mais novos), ou deseja mais privacidade, existem 10 villas independentes criadas a partir de habitações e quintas do século XVII e XVIII. Com dois a seis quartos, estes alojamentos possuem, além de sala de estar e jantar, encantadoras cozinhas rústicas, terraços, jardins e piscinas (aquecidas) privadas. Verdadeiras casas de família onde apetece ficar para sempre.


 

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Comer, beber e caminhar

A gastronomia é um dos pontos altos do hotel, que dispõe de dois restaurantes, ambos com vista panorâmica sobre o Val d’Orcia: L’Osteria la Canonica tem um ambiente mais informal e familiar, oferecendo um menu à base de receitas toscanas e pizzas crocantes cozidas em forno de lenha; enquanto o Ristorante Campo Del Drago, de atmosfera mais elegante e sofisticada, serve pratos mais refinados, mas sempre à base de receitas e produtos locais.

Depois, para quem quer saber um pouco mais sobre a cozinha italiana, existe a Escola de Culinária La Canonica. Além de poder participar na bíblica “caça à trufa” ou aprender a fazer massas caseiras, é uma boa oportunidade para visitar a horta orgânica do hotel onde crescem mais de 180 variedade de vegetais e ervas aromáticas, a qual tem como curiosidade maior o facto de ter sido desenhada pelo mesmo arquitecto que concebeu os jardins do Vaticano!

Da cozinha seguimos directamente para a adega, uma das grandes apostas de Massimo Ferragamo. Construída em 2004, tem capacidade para três mil hectolitros, uma estrutura moderna e muito eficiente que recebe as uvas provenientes das vinhas Sangiovese, Gauggiole e Capanna que crescem nos terrenos rochosos a noroeste de Montalcino. Castiglion del Bosco é hoje o quinto maior produtor da região, oferecendo um programa de enoturismo muito completo, com visitas às vinhas, apanha da uva na companhia de um enólogo, e possibilidade de acompanhar todo o processo de vinificação, incluindo degustações para iniciados e profissionais do vinho que são convidados a conhecer melhor nomes como Rosso di Montalcino, Brunello di Montalcino, Campo del Drago ou Millecento, um Brunello Reserva com produção muito limitada.

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Mas descansem aqueles que já estão a pensar na dieta. Umas férias no aqui não têm necessariamente que representar uns quilos a mais. É que além da piscina, existe um pequeno spa, bem no coração da vila, onde os tratamentos La Prairie podem ser alternados com rituais de beleza com produtos de uma linha própria, baseada nos ingredientes naturais que crescem na propriedade.

Segue-se o muito exclusivo clube de golfe (consta que com um membership de 45.000 euros anuais) com um campo de 18 buracos projectado pelo lendário Tom Weiskopf. Reservado a sócios, este paraíso do golfe está excepcionalmente acessível aos hóspedes do hotel. E se esta é por si outra das grandes atracções da propriedade, saiba que em Castiglion del Bosco as actividades desportivas não acabam por aqui. Há dois campos de ténis, tiro ao arco, passeios de bicicleta, a cavalo, aulas de Yoga e Pilates, um ginásio Technogym, e alguns quilómetros de trilhos marcados para quem gosta de caminhar ou correr tendo como cenário as florestas de Val d’Orcia – para os mais aventureiros, sugere-se o “Welness Boot Camp” nos bosques, um conjunto combinado de exercícios que incluem artes marciais e corrida.

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Jornalista Viciada em hotéis, Catarina Palma está sempre a par das últimas novidades da hotelaria mundial. Começou a trabalhar no jornal PÚBLICO, mas foi a escrever sobre viagens que descobriu a sua verdadeira paixão. “Quem quer escrever sobre políticos, quando pode escrever sobre o melhor do mundo?” Directora da Rotas & Destinos durante mais de 10 anos, revista de viagens que deixou saudades, coordena actualmente o projecto Lisbon Shopping Destination e escreve sobre temas de luxo e lifestyle para diversas publicações, como a TURBILHÃO.