O circuito de Formula 1 deste ano está ao rubro e, paralelamente às equipas que participam no campeonato do mundo, há um grupo de nomes sonantes da alta relojoaria suíça que acompanha as disputas na prova rainha do desporto automóvel mundial.

A associação entre a Formula 1 e a medição do tempo é uma história tão antiga como a própria modalidade, onde os benefícios de uma aferição incontestada dos tempos medidos e respectivos resultados trouxe uma credibilidade incontestada a este desporto.

Foi o caso do Grande Prémio de Itália de 1971 onde a volta mais rápida atribuída ao piloto da Ferrari, Jacky Ickx, foi devidamente contestada por Michelle Dubosc, a reputada cronometrista da equipa da Matra. Um protesto que levou os directores da prova a atribuir o primeiro lugar da grelha de partida ao piloto da sua scuderia, Chris Amon. No entanto a decisão acabou por não impedir os jornais italianos de manterem as parangonas que davam a pole position ao piloto da casa de Maranello.

Este período, no qual o cronómetro de mão mecânico reinava ainda de forma incontestada, antecedeu a transição para o mais fiável ACIT (Automatic Car Identification Technology) que colocava pequenos transmissores em cada carro e assim identificava com uma precisão de milésimos de segundo qual o carro que realmente tinha atravessado em primeiro lugar a linha da meta.

As pole positions passaram assim a disputar-se à décima de milésima de segundo, e quando em 1967 John Surtees venceu o Grande Prémio de Itália por apenas duas décimas de segundo, e alguns anos mais tarde Elio de Angelis ganhou o Grande Prémio da Austria no seu Lotus por apenas 5 centésimos de segundo, ficou definitivamente selada a relação simbiótica entre o desporto automóvel e a medição do tempo ao seu mais alto nível.

Fernando Alonso on track.Hoje, o sistema usado obedece ao mesmo principio do ACIT, recorrendo a transponders instalados nos carros, mas que agora transmitem dados em tempo real identificando permanentemente a posição de cada carro ao longo do circuito, debitando uma torrente de dados de telemetria que aproxima ainda mais, e em tempo real, os espectadores da acção que decorre sobre a pista.

A Formula 1 mantém-se hoje como um dos eventos desportivos mais comunicados onde a cada final de semana as audiências televisivas se estimam na casa dos 500 milhões de telespectadores em todo o mundo. Não é assim de estranhar que diversas marcas de alta relojoaria sintam uma atracção irresistível que as impele a patrocinar pilotos, equipas, circuitos e mesmo campeonatos.

HANDOUT - For the second consecutive time, the MERCEDES AMG PETRONAS Formula One™ Team has taken the FORMULA ONE Constructors’ World Championship. IWC Schaffhausen has been “Official Engineering Partner” of the Mercedes racing team since 2013 and offers its warmest congratulations on this fantastic team achievement. (PHOTOPRESS/IWC)

Mas apesar de as exigências de precisão terem já ultrapassado em muito as capacidades da relojoaria mecânica, o elo que une estes dois mundos continua a ser relevante e a levar a que diversas marcas queiram associar a sua imagem à das equipas mais relevantes que competem no circuito mundial.

B&R-1Com o arranque do campeonato deste ano no Grande Prémio da Austrália, a grelha de partida relojoeira incluía entre outras a Bell & Ross, que se associa à estreia da equipa francesa da Renault Sports Team com os pilotos Kevin Magnussen e Jolyon Palmer, e a Richard Mille, que parte a bordo dos carros de nada menos que duas equipas: a McLaren Honda de Jenson Button e Fernando Alonso (com quem assinou um contrato válido por uma década) e a HAAS F1 de Romain Grosjain e Esteban Gutierrez. A Richard Mille será mesmo a marca mais em sintonia com o espirito da modalidade, ou não fossem os relógios produzidos pela casa suíça considerados como verdadeiras “máquinas de corrida para o pulso”.

ICWTambém a IWC marca mais uma vez presença no circuito da Formula 1 tendo revalidado para 2016 a associação que tem há já uns bons anos com a competitiva Mercedes AMG Patronas. A casa de Schaffhausen renova a sua ambição de vitórias através dos pilotos Nico Rosberg e Lewis Hamilton, que envergam ambos luvas originais impressas com a imagem de um IWC Big Pilot.

HublotDo lado da “scuderia” mais famosa de todas, a histórica Ferrari, nada de novo. A Hublot dá continuidade à parceria iniciada em 2011 e ambiciona legitimamente a uma época recheada de vitórias.

E não sendo estes os únicos nomes da indústria relojoeira suíça a marcar presença na grelha de partida desta época da Formula 1, eles são indiscutivelmente os nomes que mais probabilidade têm de, prova após prova, acompanhar os respectivos pilotos nas subidas ao pódio.

Para já, é a IWC com a AMG Petronas que leva a dianteira no campeonato de construtores deste ano, seguida pela Hublot com a Ferrari e a Richard Mille com a HAAS em 5º lugar. É caso para dizer, cavalheiros, iniciem os vossos cronógrafos!

Carlos escreve como freelancer para diversas publicações nacionais e internacionais sobre o tema que sempre o fascinou, a alta-relojoaria. Uma área que considera ser uma porta para um mundo muito mais vasto, multidisciplinar e abrangente - uma fonte de informação cientifica, histórica e social quase inesgotável sobre quem somos e como aqui chegamos.