Chabi Nouri é a mais recente CEO da Piaget. Agora dona de um cargo que se afigura raro entre mulheres, num universo dominado por homens, Chabi – para quem o Grupo Richemont é, há 20 anos, a sua casa profissional – juntou-se à Piaget em 2014 como Directora de Marketing, Comunicação e Herança. Agora à frente dos destinos da marca, Chabi Nouri promete dar destaque à percepção da maison como um todo, integrando relojoaria, joalharia, tradição e vanguardismo.
Foi recentemente nomeada como CEO da Piaget. Quais foram, até agora, os principais desafios?
Não são propriamente desafios, porque a Piaget é uma marca que começou a brilhar fortemente há muito tempo. Mas sinto que precisamos de ter mais pessoas a sabê-lo, a conhecerem e a perceberem a marca, os seus valores e os seus produtos. Este é provavelmente, não o desafio, mas a maior oportunidade, porque assim que as pessoas percebem a história e as peças da Piaget, adoram-na.
Que estratégia definiu quando assumiu o cargo?
Trabalhamos muito como equipa. Somos uma das poucas maisons que oferece relógios, jóias, para homens, para mulheres, peças muito exclusivas e peças para o quotidiano. A estratégia é provavelmente conjugar tudo isso. Já ganhámos uma grande credibilidade na produção de relógios extra-planos, por isso temos de nos focar um pouco mais em elevar de novo os outros tipos de relógios e também a joalharia. Esta é a orientação que temos.

Nesta indústria, não é muito comum existirem mulheres a ocupar estas posições. Considera que, como mulher, poderá trazer vantagens à marca, por exemplo, em termos de diversidade?
Como pessoa, espero ter a oportunidade de trazer algo, mas enquanto género, não tenho a certeza. Penso que é mais uma questão de personalidade e de liderança do que de género.
Qual é a sua visão para a Piaget?
A visão global é de que, definitivamente, precisamos de manter o excelente equilíbrio entre o feminino e o masculino. Somos muito conhecidos pelos relógios muito elegantes de homem e pretendemos ter a mesma estratégia no segmento feminino, com relógios também muito elegantes. Adicionalmente, queremos que se perceba o que é a Piaget como marca e não apenas ir directamente ao produto.

Vivemos num mundo digital. Qual é a posição da Piaget em relação a esta tendência. Como comunicam neste canal?
A era digital na Piaget é mais do que uma questão, é uma realidade. Começámos a fazer e-commerce há 5 anos, portanto, não é de todo um tabu. Até pelo contrário, gostamos de nos envolver nesse mundo e começámos há muito tempo, para nós é uma norma, a forma como trabalhamos, porque é onde os clientes estão hoje. Também somos clientes e sabemos como nos comportamos, pelo que é totalmente parte integrante da estratégia global da nossa maison. É algo natural e em termos de comunicação é uma oportunidade, porque nos ajuda a comunicar de forma mais rápida e directa.
O que mudou no comportamento dos clientes com a era digital?
Têm acesso a muito mais informação e é mais fácil perceberem não só o que a Piaget lhes está a dizer, mas também o que os seus amigos e as outras pessoas dizem sobre a Piaget. Acho que é muito importante ter a opinião dos outros, através de um influencer, de um jornalista ou através de um fórum, porque as pessoas querem saber o que as outras pessoas pensam antes de darem um grande salto. Todos procuramos pelo que os outros acham e para mim isso foi o que mais mudou.

O que diferencia a Piaget de outras marcas na produção de relógios e na joalharia?
Nos relógios, a história e a mestria dos ultra-finos, começando com a revolução Altiplano há 60 anos e, hoje, com outra grande revolução, o Concept Watch, que tem apenas 2mm de espessura, o que é uma proeza e mostra a habilidade da Piaget para quebrar recordes. Não acho que haja mais alguém com esta legitimidade e credibilidade. No lado masculino diria que é mesmo isto, o que se traduz em relógios muito elegantes, mas ao mesmo tempo, muito audaciosos. São finos, mas pela assimetria que lhes colocamos, pela complexidade que acrescentamos – nunca simplificamos a nossa vida –, têm muita personalidade.
Nos relógios femininos, é a ideia de divertimento de todos os relógios, com muito trabalho em ouro, onde temos a mestria das gravações feitas à mão. As cores que utilizamos também nos diferenciam.
O ano passado, a Piaget introduziu pela primeira vez um modelo em aço, o Polo S. Este ano, o aço também entra na relojoaria feminina. Porquê esta introdução do aço?
A realidade é que hoje, quando tomamos qualquer decisão sobre o que compramos, queremos ter opção de escolha. Temos clientes que podem comprar relógios de ouro, mas querem comprar também de aço. É uma decisão deles. Temos também os que compram aço e nunca comprariam ouro, e o contrário. E nós temos capacidade de resposta. O que não quer dizer que essa seja uma estratégia ou que todas as colecções tenham um modelo em aço. Estamos a comprar uma marca e compramos o produto que se ajusta àquilo que queremos no momento. Nem sempre é uma questão de o aço ser mais barato e o ouro caro.

De que modo é que as parcerias com celebridades ajudam a marca a mostrar o que faz e o seu posicionamento?
Escolhemos trabalhar e desenvolver parcerias com as pessoas que sentimos serem muito próximas da Piaget em termos de valores, daquilo que expressam, o que as conduz e o que procuram. Tentamos combinar isso, porque acho que quanto mais autêntico melhor. Depois, sim, certamente ajuda a aumentar a visibilidade porque as pessoas que a seguem vão acreditar no que diz. Os jornalistas são os primeiros embaixadores e amigos da marca, o mesmo para os influencers, celebridades, para a nossa equipa e distribuidores…
Por Marina Oliveira, em Genebra, Suíça