No passado dia 7 de Abril, a Colecção Cartier adquiriu num leilão em Hong Kong, um colar composto por 27 contas de jade de uma qualidade e dimensões extraordinárias. O preço desta jóia, que alcançou os 27,44 milhões de dólares, bateu o recorde mundial para uma jóia de jade.

A origem destas brilhantes contas de jade de cor verde-esmeralda, de uma pureza excepcional, com formas surpreendentemente perfeitas e talhadas a partir de uma mesma pedra, continua a ser um mistério, mas é possível que tivessem sido talhadas no século XVIII. Este colar apareceu pela primeira vez em público em 1933, no casamento de Barbara Hutton e do Príncipe Alexis Mdivani, como presente de casamento do pai da jovem noiva, Franklyn Laws Hutton. Naquele momento apresentava um fecho adornado com um diamante navette, realizado pela Cartier.

AntigosBarbara Hutton era uma apaixonada pelo jade e, seguindo o conselho de peritos reconhecidos na matéria, em 1934 encarregou a Cartier do fecho actual desta jóia, em ouro amarelo engastado com rubis de corte calibre e diamantes de corte baguette que realçam o verde intenso das pedras. Nessa mesma data, também encarregou a Cartier de um anel de jade, rubis e diamantes a combinar com o colar, que hoje faz parte da Colecção Cartier.

Ao alcançar a maioridade, Barbara Hutton, neta do fundador dos armazéns Woolworth, herdou uma das maiores fortunas dos Estados Unidos. Em pouco tempo, tornou-se famosa pelo seu gosto audaz e sofisticado, tanto por joalharia contemporânea como por peças históricas. Ao longo da sua vida constituiu uma das colecções de jóias mais impressionantes do mundo, entre cujas peças se destacam o deslumbrante diamante Pasha, montado num anel pela Cartier, o colar de pérolas de Maria Antonieta e as esmeraldas Romanov, adquiridas pela Cartier que as voltou a montar num colar convertível em tiara.

ColarEste colar, agora comprado pela Cartier, demonstra o interesse pioneiro da Maison pela cultura chinesa e pelo jade no início do século XX. Combinando audaciosamente duas cores tão opostas como o verde e o vermelho, a Cartier criou uma reinterpretação moderna de uma pedra preciosa venerada desde o início da História.

A Colecção Cartier é composta por mais de 1500 peças e, até à data, foi objecto de exposições em 27 museus e instituições culturais em todo o mundo, incluindo o Metropolitan Museum of Art de Nova Iorque, o British Museum de Londres, a Fundação Calouste Gulbenkian em Lisboa, os Museus do Kremlin de Moscovo, o Museu do Palácio da Cidade Perdida de Pequim, o Museu Thyssen-Bornemisza de Madrid e o Grand Palais de Paris.

A Turbilhão é uma revista semestral, especializada na área da Alta Relojoaria e do Luxo.