Das grandes e emblemáticas obras de restauro feitas recentemente pela Fundação, destaque para o Palácio de Seteais, quer pela quantidade de peças intervencionadas quer pela diversidade de obras: pintura decorativa do Palácio, mobiliário, têxteis, pintura, etc.

A FRESS tem três componentes essenciais – Museu (de Artes Decorativas), Oficina de Restauro e, ao mesmo tempo, Escola. Como se articulam essas actividades?

A Fundação Ricardo Do Espírito Santo Silva é uma instituição de direito privado de utilidade pública, criada em 1953 pelo Estado, resultante da doação do Palácio Azurara e de uma colecção de artes decorativas, por Ricardo do Espírito Santo Silva. Tem por missão a defesa, promoção, divulgação e transmissão da arte de saber-fazer nas artes decorativas – património móvel e integrado – nas suas vertentes museológicas, académicas, oficinais e de conservação e restauro.

Redefinindo o seu papel relevante no contexto cultural da sociedade portuguesa, a FRESS tem em funcionamento as seguintes estruturas: Museu de Artes Decorativas Portuguesas, a Escola Superior de Artes Decorativas, o Instituto de Artes e Ofícios, 18 Oficinas de Artes e Ofícios tradicionais e o Departamento de Conservação e Restauro.

Este original modelo orgânico cria uma relação dinâmica entre o Museu, as Escolas e as Oficinas e revela não apenas o espírito integrador e precursor que esteve na origem da criação desta Fundação, mas sobretudo o reconhecimento que hoje temos de que a dimensão artística e patrimonial deve ser indissociável da formação, qualificação e transmissão do saber-fazer, em si mesmo uma mais-valia patrimonial que hoje tem sido alvo de preocupações de salvaguarda por parte dos governos e da UNESCO.

O Museu de Artes Decorativas tem feito aquisições ou beneficiado de doações?

A colecção do Museu é fruto de uma grande doação ao Estado pelo Dr. Ricardo do Espírito Santo Silva. Aceita doações no âmbito das artes decorativas, mas não tem política de aquisições.

A Oficina de Restauro trata da manutenção do acervo do museu e, segundo julgo, de trabalhos encomendados do exterior – tanto de restauro, como de fabrico. Quer realçar algum trabalho de restauro ou peça criada de raiz que a Oficina tenha realizado nos últimos anos?

A FRESS tem um Departamento de Conservação e Restauro que coordena todas as obras de restauro, quer feitas nas oficinas dentro das nossas instalações quer em estaleiro.

Das grandes e emblemáticas obras de restauro feitas recentemente pela Fundação, destacaria o Palácio de Seteais, quer pela quantidade de peças intervencionadas, quer pela diversidade de obras: pintura decorativa do Palácio, mobiliário, têxteis, pintura, etc. E simbolicamente a obra de restauro da 1ª Edição de Os LUSÍADAS, exemplar pertencente ao Ateneu Comercial do Porto que originou uma edição fac-similada com publicação técnica da intervenção.

Quantas especialidades são praticadas na Oficina?

A FRESS tem actualmente 18 oficinas onde 18 ofícios são assegurados e transmitidos diariamente quer fazendo obras de restauro, para instituições e privados, quer na produção de obras novas, a pedido de clientes e para venda nas nossas lojas.

No que respeita à vertente pedagógica, como é que ela se articula? Há facilidade nas saídas profissionais para os alunos?

Os professores das nossas escolas, principalmente do Instituto de Artes e Ofícios são os Mestres das Oficinas. As Oficinas servem também de retaguarda à formação ministrada nas nossas escolas, no âmbito das aulas práticas e de estágios curriculares. A realização de CET’S (Cursos de Especialização Tecnológica no âmbito da Conservação e Restauro) articula os vários departamentos da FRESS na forma como estão a ser realizados. Os nossos alunos de artes e ofícios e de conservação e restauro adquirem uma formação teórico-prática única no contexto português o que é hoje uma mais-valia do nosso ensino.

A Turbilhão é uma revista semestral, especializada na área da Alta Relojoaria e do Luxo.