Joseph Pallweber e a IWC assinaram no final do século XIX um dos mais fascinantes conceitos mecânicos associados à relojoaria. No momento em que comemora o seu 150º aniversário, a Internacional Watch Co. Resgata o conceito para o integrar na nova Jubilee Collection.
150 anos após a improvável fundação na Suíça da IWC, pelo norte americano Florentine Ariosto Jones, a casa de Schaffhausen comemora o seu Jubileu com o lançamento de 27 exemplares comemorativos que privilegiam todas as linhas produzidas na actualidade. Português, Big Pilot, Pilot, Portofino e Da Vinci apresentam-se numa série de variantes em edições limitadas comemorativas que, somadas, perfazem um total de 17.855 exemplares. Um número que transmite uma falsa ilusão de abundância, mas que, considerando os fieis apreciadores da marca em todo o mundo, pode muito bem não chegar para as encomendas.
Mas a tarefa de comemorar um século e meio de uma história que se confunde com a da própria relojoaria ao longo dos séculos XIX e XX, não estaria completa sem a inclusão de um modelo que até agora tem fascinado todos os que estão familiarizados com o percurso da International Watch Co. O famoso Pallweber da IWC, um relógio de bolso mecânico com indicações digitais, faz em 2018 a sua segunda aparição desde que a casa de Schaffhausen assinou um contrato de exclusividade com Josef Pallweber a 17 de Junho de 1884. Um relógio, cujo inusitado e peculiar sistema de indicação de horas e minutos digital, representou um desafio tão exigente há 134 anos como agora, em 2018, considerando toda a capacidade que uma moderna manufactura encerra.
O facto é que a ideia de um relógio mecânico, capaz de indicar o tempo de uma forma puramente numérica, parece não ter sido considerado de forma séria antes de 1850. A exequibilidade técnica de indicar os minutos ao lado das horas por via de discos, terá certamente sido pensada por muitos relojoeiros no período que encerrava o século XVII. No entanto, será também possível especular que, esses mesmos relojoeiros, não tenham sido suficientemente temerários perante as vicissitudes e rasteiras da relojoaria mecânica, quando associada a este tipo de sistemas complexos e de funcionamento intensivo.
E no entanto, a partir de um determinado momento, alguém decidiu arriscar. As razões por detrás do esforço, no desenvolvimento deste conceito, que se verificou durante a segunda metade do século XIX, poderá eventualmente ser encontrada na crescente necessidade de observar determinados momentos no tempo da vida quotidiana de cada um. Uma necessidade de posicionamento temporal, induzido certamente pela crescente industrialização e revolução dos sistemas de transportes que se vivia neste período da história.
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Só em Inglaterra, o berço da relojoaria mecânica de precisão, foram atribuídas entre 1860 e 1896 nada menos que 19 patentes associadas a sistemas mecânicos de indicação digital do tempo. Um sistema que, numa perspectiva óptica e gráfica, correspondia na perfeição a um conceito de modernidade e ás tabelas de horários publicadas pelas companhias de caminhos de ferro, confirmando que seria o publico, e não a engenhosidade dos relojoeiros da época, a ditar a necessidade deste género de relógios.
É neste contexto que o engenheiro Joseph Pallweber tem um momento de eureka, ao mesmo tempo em que a então “Internationale Uhenfabrik, J. Rauchenbach Schaffhausen” (designação comercial da IWC entre 1883 e 1892), ainda em recuperação do choque de duas falências consecutivas, vê a oportunidade de ganhar uma importante vantagem competitiva ao introduzir uma verdadeira novidade no mercado. Consequentemente, a 17 de Junho de 1884, Pallweber e a IWC assinam um contrato de cooperação dando inicio logo no ano seguinte à produção do modelo segundo a patente do engenheiro Austríaco.
Relógio de bolso, Tribute to Pallweber, Edição “150 Anos”
Mas contrariamente à expectativa da administração da IWC, os relógios construídos sob o sistema inventado por Pallweber não encontram a recepção e o entusiasmo do publico que tinha sido antecipado. Após a construção de apenas alguns milhares de movimentos, a produção é definitivamente cancelada em 1887. Qualquer que tenha sido o motivo para o insucesso dos relógios de bolso digitais da IWC no final do século XIX (o mesmo se passou com todas as outras marcas que se aventuraram neste campo), hoje eles exercem uma atracção muito especial tendo-se tornado verdadeiras peças de coleccionador.
Tribute to Pallweber Edição “150 Anos”
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O Tributo a Pallweber, edição dos 150 anos, é proposto com caixa em aço com mostrador branco (500 exemplares), em ouro vermelho com mostrador branco (250 exemplares) e em platina com um marcante mostrador azul (25 exemplares). Com um diâmetro de 45 mm e uma espessura de 12 mm, os modelos contam com o novo calibre 94200 cuja autonomia de 60 horas é surpreendente, e que integra também o modelo de bolso em ouro vermelho (50 exemplares) que anunciou o Jubileu. O primeiro relógio de bolso da IWC produzido durante o século XXI.