Entre o classicismo, a precisão e a musicalidade

Breguet Marine

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A linha Marine é o espelho da conjugação da alta relojoaria com uma temática de inspiração náutica. O resultado é inspirador e seduz qualquer apreciador da arte relojoeira de Abraham Louis Breguet.

Abraham Louis Breguet viveu até aos 73 anos uma existência totalmente dedicada à arte da relojoaria que, ainda hoje, se mantém como um marco essencial nos quase oito séculos de história do relógio mecânico. Nascido em Neuchâtel, na Suíça, em 1747, Breguet concluiu a sua aprendizagem e estudos em França, onde esteve ao serviço de um relojoeiro activo na corte de Versailles. Em 1775, então com 28 anos, casa-se e consegue estabelecer-se por conta própria na Quai de l’Horloge, uma rua na Ille de la Cité a poucas centenas de metros da mais famosa catedral de Paris. Neste período os relojoeiros da capital francesa competiam com Genebra e Londres, não só no âmbitos da inovação artística, mas também cientifica.

Em pleno “siècle des Lumières”, Breguet explorava assim a oportunidade gerada pela abertura generalizada às ciências, aperfeiçoando invenções e desenvolvendo novas complicações. Mas apesar da inegável genialidade da sua obra, apenas passa a ser reconhecido pelos seus pares como Mestre Relojoeiro a partir de 1784.

Hoje, dificilmente se pode apontar um relógio da sua autoria que não revele de imediato a originalidade de um estilo muito particular, caracterizado pela simplicidade funcional, excepcional maestria técnica e perfeição artesanal.

Breguet aproveitou a terceira Exposição Napoleónica de Produtos da Industria Francesa, realizada entre 18 e 24 de Setembro de 1802 no pátio do Louvre, para apresentar os seus relógios de “Tombadilho” e “Longitude”, atraindo em consequência uma clientela militar sedenta de garantir uma vantagem naval estratégica através de uma navegação precisa. A acção garantiu-lhe o titulo de Construtor de Cronómetros da Marinha Real Francesa, então o galardão de maior prestigio ao qual um relojoeiro podia aspirar.

Passados mais de dois séculos deste marco histórico, a actual linha Marine baseia-se nos valores tradicionais defendidos pelo mestre relojoeiro, mas interpretados de forma contemporânea com o intuito de criar um relógio desportivo capaz de integrar todas as qualidades tão bem definidas por Abraham Louis Breguet como fabricante oficial de cronómetros da Marinha Francesa.

A linha, concebida originalmente em 1990 segundo o conceito do designer Jorg Hysek, sofreu uma reformulação estética em 2017, e apresenta-se este ano reforçada por três novos modelos cujas características técnicas e estéticas marcantes contrastam com a manifesta humildade com que a Breguet comunica esta colecção.

 O primeiro modelo disponibilizado pela marca é o novo Marine 5517, com caixa de 40 mm disponível em ouro branco, rosa ou amarelo, mas também em titânio. Uma opção que leva em consideração as excelentes propriedades de resistência à corrosão deste metal. Os mostradores, trabalhados com um padrão guilhoché ondulado, assentam o caracter náutico do modelo, num espirito que se repete no verso cuja transparência revela a presença de uma massa oscilante em forma de roda de leme a encimar o calibre 777A com 55 horas de autonomia e 4 Hz de frequência de oscilação.

Carlos escreve como freelancer para diversas publicações nacionais e internacionais sobre o tema que sempre o fascinou, a alta-relojoaria. Uma área que considera ser uma porta para um mundo muito mais vasto, multidisciplinar e abrangente - uma fonte de informação cientifica, histórica e social quase inesgotável sobre quem somos e como aqui chegamos.