A inspiração eminentemente náutica da forma que dá expressão aos relógios da Hublot parece quase esquecida sob a força do conceito de Fusão implementado por Jean Claude Biver. O Classic Fusion mantém-se como um modelo equilibrado entre o vigor de um Big Bang e o classicismo dos modelos que estão na origem da Hublot.

Já não haverá muitos que se recordem que houve um tempo em que a Hublot fez parte de um grupo chamado MDM Geneve e que teve uma marca irmã chamada Thor. Da mesma forma, hoje, o nome do fundador italiano, Carlo Crocco, dificilmente se consegue associar à marca devido à personalidade manifestamente exuberante e cativante de Jean Claude Biver, o homem responsável pelo sector da relojoaria do grupo LVMH, e a força por detrás do êxito global no qual a Hublot se transformou.

De fenómeno “Ibérico”, sem paralelo noutros mercados considerados mais fortes, a Hublot passa a fenómeno global em boa parte devido a uma ideia simples, mas extremamente poderosa, desencantada pelo génio de Biver e da sua equipa de marketing e que assenta numa única palavra mágica: Fusão!

Biver é indiscutivelmente senhor de um sentido de oportunidade sem paralelo tanto numa perspectiva empresarial como na de identificar o potencial de um determinado produto ou marca. A Hublot e a sua ligação ao mar (Hublot significa escotilha em francês) materializaram na imaginação do suíço a ideia de associar a marca a uma fusão de elementos. Uma ideia potenciada pelo facto de a Hublot se caracterizar desde o seu inicio, em 1980, pela invulgar associação a uma pulseira de borracha natural, um material tão fora do comum no mundo da relojoaria de luxo como 8 anos antes o aço o fora para a Audemars Piguet e o seu Royal Oak.

A base da nova Hublot estava assim lançada e nos anos seguintes a fusão antes impensável entre materiais como o carbono, aço, ouro, pele, borracha, cerâmica ou titânio torna-se uma realidade e define uma nova tendência no mundo da alta relojoaria.

 

Classic Fusion

Apresentada originalmente em 2010, a linha Classic Fusion é considerada como uma variante elegante e contida – ainda que não menos expressiva – do modelo topo de gama Big Bang com o qual Jean Claude Biver marcou o inicio do seu mandato na Hublot. O perfil fino das caixas deste modelo destinam-se precisamente a criar uma aparência mais leve, mas que continua a obedecer aos códigos estéticos do modelo do qual foi inspirado, assimilando de igual forma os elementos dos primeiros modelos da marca que marcaram a década de 1980. Com um “output” permanente de novos modelos a confirmar a capacidade de regeneração estética do conceito, a linha Classic Fusion da Hublot acaba por possibilitar a noção contraditória de que um relógio contemporâneo pode, afinal, ser simultaneamente intemporal.

Carlos escreve como freelancer para diversas publicações nacionais e internacionais sobre o tema que sempre o fascinou, a alta-relojoaria. Uma área que considera ser uma porta para um mundo muito mais vasto, multidisciplinar e abrangente - uma fonte de informação cientifica, histórica e social quase inesgotável sobre quem somos e como aqui chegamos.