
Depois de cinco anos de investigação e desenvolvimento, o escape constante está agora integrado nos movimentos que dão vida aos novos modelos da colecção de Alta Relojoaria da marca Girard-Perregaux.
Uma resposta nova e convincente à eterna preocupação dos relojoeiros – a precisão e a regularidade da marcha de um relógio mecânico – o escape constante da Girard-Perregaux foi apresentado no final de Abril, em Zurique, na Suíça, num evento que serviu ainda para revelar alguns dos novos modelos da marca, bem como para apresentar a parceria da manufactura com o Museu de Cinema da Academia.
No cerne deste encontro com jornalistas de todo o mundo esteve, como não poderia deixar de ser, o lançamento do mecanismo de escape constante, uma revolução no que à regularidade e precisão de um relógio mecânico diz respeito. Mas, afinal, o que é um escape constante, para o que serve e quais as suas vantagens?
No coração do relógio mecânico reina o órgão regulador, que regula o fluxo de energia recebida do tambor de corda para mover o trem de engrenagens e a velocidade de rotação dos ponteiros. Até agora, na maior parte dos relógios mecânicos, o chamado escape de âncora suíço é o amplamente utilizado. Contudo, este órgão regulador tem um defeito: apenas restitui a energia que recebe do tambor de corda e que diminui com o passar do tempo. Esta energia que define a precisão cronométrica é demasiado forte ao início (com a corda toda armada) e insuficiente no final (quando a corda está a acabar).
Ora, o princípio de um escape de força constante consiste no facto de este restituir uma energia constante ao regulador (volante), independentemente da energia do tambor de corda. Para o conseguir, a Girard-Perregaux integrou no escape um dispositivo intermédio, que possui uma lâmina extremamente fina que acumula a energia até um umbral próximo da instabilidade, sempre o mesmo, e que depois a transmite completa e instantaneamente, antes de começar de novo, incansavelmente.
A inspiração para o escape de força constante da Girard-Perregaux veio de uma experiência que cada um de nós pode realizar, segurando entre o polegar e o indicador um cartão-de-visita, verticalmente, dando-lhe a forma de um C ou de um parêntesis aberto. Se se exercer uma pressão lateral, sentirá uma resistência até ao ponto do… clac. O bilhete dá a volta bruscamente para o outro lado, posição simétrica, parêntesis fechado.
Aqui a lâmina, que é de silício, tem a dimensão de um sexto de fio de cabelo e uma função de micro-acumulador de energia. Esta lâmina armada a um ponto o mais próximo possível do seu estado instável, apenas necessita de uma quantidade ínfima de energia – micro impulso dado pelo volante – para passar de um estado ao outro, aproveitando este movimento para relançar o volante e compensar a energia variável do tambor, libertando, de cada vez, a mesma quantidade de energia.
Por detrás de um princípio relativamente simples esconde-se a exigência de uma precisão absoluta na realização, que teria sido impossível antes da utilização do silício e da chegada de novas técnicas de fabricação dos componentes, como a gravação profunda (DRIE). A colaboração com o CSEM (Centro Suíço de electrónica e microtécnica) em Neuchâtel foi determinante.
O movimento com escape constante foi desenhado para uma autonomia de vários dias com uma indicação da reserva de marcha no mostrador, o que demonstra a eficácia deste escape no tempo. A energia é proporcionada por dois tambores acoplados em paralelo, com um novo design, objecto de registo de patente: a tampa e catraca são uma só peça para maximizar a altura disponível e cada tambor contém duas molas sobrepostas em série.
Primeiro modelo com escape constante
Ao inaugurar a colecção de Alta Relojoaria Escape Constante da Girard-Perregaux, o primeiro modelo de escape de força constante destaca-se por um design resolutamente técnico e contemporâneo, com uma evocação dos códigos da marca e da sua tradição criativa. O movimento aloja-se numa caixa redonda de 48 mm em ouro branco com moldura perfilada.
Para oferecer o máximo de visibilidade ao escape, à sua forma em formato de asas de borboleta e à sua lâmina vibrante no eixo médio, as horas e minutos ocupam um sub-mostrador descentrado às 12h. Este sub-mostrador está rodeado por dois depósitos de energia que constituem os tambores duplos. Linear, a reserva de marcha aparece às 9h.
Toda a parte inferior do relógio está reservada ao escape constante, para o qual convergem os olhares e que ocupa o primeiro plano, batendo a uma frequência de 3 Hz ou 21.600 alternâncias por hora. Por baixo do vidro de safira com tratamento anti-reflexo, vêem-se também as três pontes de ouro emblemáticas da Girard-Perregaux que cumprem o seu papel estrutural numa disposição original. Já o fundo em vidro de safira permite admirar, noutro ângulo, a construção tridimensional deste movimento de excepção.
Com uma pulseira em pele de crocodilo cosida à mão e fecho de báscula, o modelo será proposto numa edição não limitada, dentro da colecção de Alta Relojoaria da Girard-Perregaux.