Colonial e nostálgica, Cartagena também é sofisticada e cosmopolita. Uma cidade mágica e sedutora que se cola à pele de quem a visita, como as páginas de um romance de Gabriel García Marquez…
Com o mar do Caribe em pano de fundo, as ruas de Cartagena das Índias parecem cenário de um filme. Fundada pelos espanhóis em 1533, esta cidade colonial está imaculadamente preservada, o que perpetua a estranha sensação de, a qualquer momento, podermos dar de caras com verdadeiros piratas. Durante séculos, muito do ouro que vinha para a América do Sul passava por este porto estratégico, o que levou ingleses, franceses, holandeses e portugueses a tentarem conquistar a mais preciosa das damas das Américas e os canhões que apontam em direcção ao mar ainda hoje recordam esses tempos…
Declarada Património Histórico da Humanidade pela UNESCO, Cartagena é o destino turístico mais famoso da Colômbia. E se é verdade que o bairro de Bocagrande, à beira-mar, é feito de arranha-céus ao estilo de Miami, o centro histórico consegue a proeza de não perder pitada do seu charme antigo. Talvez graças à protecção das muralhas fortificadas, a Ciudad Vieja encerra uma atmosfera que é familiar a quem já tenha lido Gabriel García Márquez. O som dos cascos dos cavalos que puxam as carruagens, agora cheias de turistas, transportam-nos para as páginas de O Amor em Tempos de Cólera. O célebre realismo mágico que paira nos romances do Prémio Nobel da Literatura está em toda a parte: no calor tropical, nas plazas onde as crianças jogam à bola, nos pátios e fontes de água fresca, no doce som da salsa que serpenteia pelas ruas, nas conversas em torno dos tabuleiros de xadrez, nos fantasmas das velhas mansões agora transformadas em hotéis-boutique… e até nas palenqueras de saias esvoaçantes que seguem pela rua, equilibrando na cabeça vários quilos de fruta tropical.
Cultura com muita cor e sabor
Em Cartagena as manhãs começam sempre bem. Com um pequeno-almoço cheio de fruta, e as tradicionais e obrigatórias arepas (uma espécie de tortilha de milho) com ovos. Comece o passeio matinal a visitar a Catedral, monumento-símbolo cuja construção iniciada em 1575 foi parcialmente destruída pelos canhões de Francis Drake. E pelo caminho admire as varandas em madeira cobertas de buganvílias ou espreite os grandes “portones” de madeira decorados com aldravas e botões em ferro forjado. Do Museu do Ouro Zenú, que exibe uma lindíssima colecção de jóias e cerâmicas pré-colombianas, ao Palácio da Inquisição, do Museu Naval à Plaza del Aduana, passando pela muito antiga Iglesia de Santo Domingo ou pelo monumental Convento de San Pedro Caver, há muito mais para ver, mas talvez nada tão impressionante como o Castelo de San Felipe de Barajas, a maior fortaleza já construída pelos espanhóis em qualquer de suas colónias. Com um complexo sistema de túneis (alguns dos quais visitáveis), era verdadeiramente inexpugnável e nunca foi tomada, apesar das inúmeras tentativas…
Depois desta dose de cultura, almoce no La Cevichería, um pequeno e despretensioso restaurante com fama de servir o ceviche mais fresco da cidade. Ao jantar, o restaurante mais concorrido continua a ser o La Vitrola, um espaço que parece saído da Cuba dos anos 1940, e que é o ponto de encontro da sociedade local. Mas o cenário gastronómico é cada vez mais versátil. Tome nota de nomes como o Vera, do chef Daniel Castaño; o Donjuán, de Juan Felipe Camacho, ex-aluno de Juan Mari Arzak; ou o María de Alejandro Ramírez, veterano das cozinhas de Gordon Ramsay e Daniel Boulud… É destes espaços que chegam os clientes do Café Havana, onde todos se juntam a beber mojitos e a dançar salsa até altas horas da madrugada.
Um mergulho no Caribe
Um dos melhores hotéis da cidade é o luxuoso Sofitel Legend Santa Clara, que ocupa um antigo convento do século XVII, mas não ficará nada mal instalado em locais como o Tcherassi Hotel & Spa, uma mansão do século XVIII transformada por uma designer de moda numa das moradas mais desejadas de Cartagena ou a Casa San Agustín, antiga hacienda colonial convertida em boutique hotel.
A maioria dos hotéis possui barcos próprios que levam os hóspedes a clubes de praia, como o El Pescador de Colores ou à Playa Blanca, na Isla Baru, mas o ideal é ir um pouco mais longe até às Ilhas do Rosário. Sugerimos que se aventure por ilhas menos conhecidas, passando o dia numa praia deserta ou mesmo a dormir numa ilha só para si. É o caso da Isla Rosa, uma casa-ilha rodeada de água azul-turquesa por todos os lados, que garante sonhos literalmente cor-de-rosa…