
O nascimento de marcas como a HYT, a Urwerk, a de Bethune ou a Richard Mille transformaram os últimos quinze anos nos anos loucos da alta relojoaria. E esta recente e fascinante história do mundo das máquinas de precisão não poderia ser contada sem se referir o nome de Maximilian Büsser.
Indo em sentido contrário ao das mentalidades conservadoras do mundo da relojoaria, este jovem empreendedor – Maximilian Büsser – apresentou a linha OPUS da Harry Winston, com obras surpreendentes e, mais tarde, surge acompanhado pelos seus amigos que o ajudaram na criação da sua própria marca, MB&F (Max Büsser & Friends).
Por incrível que pareça, Maximilian Büsser não tem qualquer relação familiar com o mundo da relojoaria. O seu primeiro contacto com este mundo deu-se aos 18 anos quando os pais lhe ofereceram o orçamento de 700 francos suíços para a compra de um relógio. Foi já aos 22 anos de idade, na Universidade, que teve como trabalho a realização de um estudo que envolvesse engenharia relacionada com sociologia e, por influência de um colega que usava um Rolex de 4.700 francos, decidiu fazer um estudo sobre o porquê de haver relojoaria de luxo, e pessoas que a comprem.
Naquela época, havia facilidade de chegar à fala com presidentes de grandes marcas, bastava enviar uma carta e apresentar-se que, de uma forma ou de outra, uma reunião seria agendada. E foi assim que tomou conhecimento com presidentes de marcas como Audemars Piguet, Breguet, Jaeger LeCoultre ou Vacheron Constantin. Em todas estas reuniões foram-lhe transmitidos os valores da nobre tradição da relojoaria suíça, isto numa altura em que o relógio mecânico estava, supostamente, condenado à morte.
Büsser pensou para si mesmo que toda a magia a que tinha assistido nestas marcas não poderia morrer, algo teria que acontecer para que a alta relojoaria não acabasse. Mas os planos que tinha traçado para a sua vida, não passavam pela indústria relojoeira. Ele tinha sonhado em trabalhar em marketing numa grande empresa, como a Nestlé ou a Procter & Gamble, mas o destino mudou-lhe os planos numa tarde de esqui, com amigos. Pararam num local para tomar um reconfortante café, quando Maximilian se deparou com a presença de Henry-John Belmont, então CEO da Jaeger LeCoultre, com quem tinha conversado acerca do seu estudo universitário.
Falaram sobre vários assuntos, e no final da conversa, Maximilian disse a Belmont ” Caso a Procter & Gamble não me queira, talvez a Jaeger possa ser uma solução!”. Passado uma semana estavam a trabalhar juntos. Maximilian Büsser passou sete anos nesta manufactura, onde aprendeu bastante sobre a indústria relojoeira e de onde “deu o salto” para a Harry Winston. Salto este que se revelou bastante arriscado de início, tendo tirado Maximilian da sua área de conforto, ao ver-se confrontado com uma empresa praticamente falida e na companhia de apenas sete pessoas que tentavam levar o barco a bom porto.
Mas este passo na sua vida fez com que aprendesse duas coisas: a primeira foi que, com o crescimento que a Harry Winston começou a ter, teve a noção de que era capaz de dar a volta a situações difíceis, e o segundo ensinamento que retirou desta situação foi que ninguém sabe que é capaz de realizar algo até ao momento em que é confrontado com a necessidade de o fazer. Ao mesmo tempo que a Harry Winston ia crescendo, Maximilian Büsser ia crescendo também, tornando-se uma personalidade reconhecida no mundo dos relógios.
Da mesma forma que arriscou na mudança da Jaeger LeCoultre para a Harry Winston, quis arriscar também para uma nova etapa. Esta bem mais arriscada, a criação da sua própria marca. A MB&F era já um sonho antigo, que estava adormecido na gaveta, com a falta de esperança em investimento para que pudesse arrancar. A persistência de Max Büsser, fez com que se demitisse da Harry Winston, em 2005, tendo registado a marca MB&F de imediato.
Todas as economias de uma vida, 900.000 francos, foram aplicadas na empresa. E o restante financiamento? O restante financiamento seria feito por retalhistas. Büsser partiu para o mundo com esboços do que viria a ser o HM1. Apresentou-os a retalhistas dizendo: “Este é o primeiro pedaço da minha nova marca, quer comprá-lo? Vai custar 160.000 francos!”. Quatro semanas à volta do mundo e seis retalhistas convencidos.
Relógio comemorativo
Para celebrar o 10.º aniversário da MB&F, em 2015, a marca criou uma peça comemorativa que surpreende, não só pelo design e mecânica inusitados a que a MB&F sempre nos habituou, como pelo facto de se tratar do relógio mais barato alguma vez produzido pela marca. Assim, ao invés de – e à semelhança da maioria das marcas – conceber uma peça ultra complicada e muito cara para celebrar a efeméride, Maximilian Busser preferiu criar um relógio mais acessível, como forma de agradecimento aos leais clientes que apoiam a marca desde o nascimento.
Contudo, o facto de o novo HMX custar “apenas” 29.000 francos suíços, não significa que a MB&F tenha descurado a qualidade ou criatividade a que sempre habituou o mercado e a máquina relojoeira comemorativa, cujo “X” alude, naturalmente, ao 10.º aniversário, surpreende ao primeiro olhar, ao revelar um mostrador que, na realidade, não é um mostrador literal, mas sim uma projecção do tempo, uma espécie de ilusão óptica.