
Relógios extraordinários exigem testes extraordinários. A Omega uniu-se ao instituto de padrões suíços METAS para garantir que os seus Master Chronometers são postos à prova e testados num mundo tecnologicamente avançado.
Se vamos reinventar os relógios de pulso, é impreterível reinventar também a forma de os testar. Como clientes, queremos ter certeza de que as afirmações feitas por um relojoeiro quanto à precisão e fiabilidade dos seus produtos são comprováveis. Isso é particularmente verdadeiro quando as nossas ocupações ou passatempos dependem do desempenho do nosso relógio e ainda mais quando se afirma que esse desempenho é muito melhor do que qualquer outro que já existiu.
O novo símbolo
Durante os próximos cinco anos, a Omega reformulará quase todos os seus movimentos mecânicos para resistirem a campos magnéticos de até 15.000 gauss, superando de longe o que antigamente pensávamos ser possível. Uma vez magnetizados, os componentes metálicos quase microscópicos de um movimento podem parar de funcionar correctamente, danificando a precisão do relógio e, em casos extremos, até mesmo estragando-o definitivamente.
Antigamente, uma resistência a campos magnéticos de até 1.000 gauss era suficiente para descrever um relógio como “antimagnético”. Porém, o mundo moderno apresenta mais campos magnéticos com forças superiores. O design dos movimentos que antecederam os smartphones, altifalantes poderosos, cozinha por indução e sensores antifurto das lojas precisa ser actualizado. Hoje em dia, mesmo 1.000 gauss podem ser facilmente ultrapassados no uso quotidiano.
Com os novos movimentos Master Co-Axial, lançados pela primeira vez na linha Aqua Terra em 2013, a Omega afirma ter resolvido o maior e mais recente problema da relojoaria tradicional. Em vez de proteger apenas o movimento contra o magnetismo, a Omega criou movimentos que são simplesmente impenetráveis ao magnetismo, utilizando molas de balanço em silício Si14 e novas ligas não ferromagnéticas.
É uma solução muito mais elegante. Não só o design Co-Axial exclusivo da marca (incontestavelmente o avanço mais importante da relojoaria nos últimos 250 anos) continua a marcar as horas perfeitamente, livre dos efeitos a longo prazo do magnetismo, como o pode observar através do fundo da caixa em vidro de safira, pois o movimento não precisa ser protegido.
Em dia com os tempos
A Omega sentia claramente que os procedimentos de teste do sector relojoeiro suíço precisavam ser actualizados. Há décadas que os relojoeiros suíços enviam os movimentos para o Contrôle Officiel Suisse des Chronomètres (Controlo Oficial Suíço de Cronómetros), mais conhecido por COSC. O instituto avalia a precisão de cada movimento individual em cinco posições, a duas temperaturas e durante quinze dias. O COSC emite uma certificação para cada movimento aprovado e dá ao relojoeiro o direito de colocar a famosa inscrição “Cronómetro” no mostrador.
Trata-se de um teste rigoroso. Quase dois milhões de movimentos são testados por ano, mas isto ainda equivale a menos de 5% da produção relojoeira suíça. Os movimentos mecânicos da Omega continuarão a ser submetidos a este teste, mas os seus relojoeiros sabiam que os novos movimentos podiam marcar as horas sob parâmetros ainda mais severos do que os padrões do COSC. E também queriam que outras pretensões dos relógios relativas à reserva de marcha, resistência à água e antimagnetismo fossem oficialmente comprovadas, visto que testar e certificar os seus próprios produtos não é suficiente. Assim, a Omega decidiu ajudar a desenvolver um novo teste muito mais rigoroso, ao qual qualquer outra marca suíça também pode submeter os seus relógios, e pediu a uma entidade fiável e independente para impôr o novo padrão.
Precisão ferroviária
Entra em cena o METAS. Se os suíços são famosos pela sua precisão, então o METAS talvez seja o mais suíço de todos os organismos. O nome por extenso é Instituto Federal Suíço de Metrologia. Faz parte do Departamento Federal Suíço de Justiça e Polícia e é o instituto oficial de normas da Suíça. Garante que um metro suíço seja um metro, ao nanómetro. Não há organismo mais eminente para emitir certificações no país.
Além do processo de teste do COSC, a Omega e o METAS desenvolveram uma avaliação de 10 dias que testa oito características essenciais do desempenho de um relógio. Esta vai muito além dos padrões do COSC, testando não apenas o movimento, mas também a caixa completa do relógio — sendo talvez um teste mais relevante para quem não anda apenas com um simples movimento no bolso. A avaliação verifica a precisão do relógio a duas temperaturas e em seis posições, em vez de cinco, como no teste do COSC. Acrescenta testes independentes de resistência à água, reserva de marcha e precisão contínua de cada relógio à medida que a corda vai diminuindo. O mais extraordinário é que inclui dois testes dentro de um dos maiores ímanes permanentes do mundo.
Para receber o novo título de Master Chronometer garantido pelo METAS, cada relógio tem de passar por tudo isso e não só continuar a funcionar, mas também marcar as horas sofrendo apenas metade da variação considerada como aceitável pelo COSC: adiantando no máximo cinco segundos por dia quando comparado ao Tempo Universal Coordenado, recebido por sinal de rádio do relógio atómico que fica na sede da Omega. Um Master Chronometer não sairá da fábrica atrasado.
“Os comboios suíços são todos pontuais”, diz Andreas Hobmeier, vice-presidente de produção e aprovisionamento da Omega e responsável pelo desenvolvimento dos novos padrões com o METAS. “Não gostaríamos que perdesse o comboio.” É uma piada irónica por parte de um relojoeiro suíço. Ele sabe que a fiabilidade dos seus relógios servirá para realizar proezas muito mais difíceis do que apanhar um comboio.
Base de teste do futuro
Todos os testes do Master Chronometer são realizados na sede da Omega em Bienne sob a estrita supervisão do METAS, cujos funcionários patrulham o centro de testes vestidos com as suas batas de laboratório e auditam todos os oito testes, repetindo-os em relógios de amostra escolhidos aleatoriamente nas suas próprias áreas de teste, que são inacessíveis aos funcionários da Omega.
O Omega Globemaster foi o primeiro relógio a ser testado conforme os padrões Master Chronometer. Os testes ocorrem actualmente em instalações do tamanho de aproximadamente dois campos de ténis dentro da fábrica da Omega. Alguns são feitos à mão. À medida que mais modelos da Omega forem recebendo o estatuto de Master Chronometer, a escala e o automatismo do processo de teste serão ampliados. Actualmente, apenas algumas centenas de movimentos são testados por dia. Dentro de cinco anos, centenas de milhares serão certificados anualmente nas novas instalações de produção da Omega, e os visitantes poderão assistir aos testes a decorrer.
Porém, os padrões impostos pelo METAS permanecerão exactamente os mesmos. E um aspecto importante é que o teste Master Chronometer estabelece, de facto, um novo padrão para o sector relojoeiro suíço.
Estes testes não pertencem à Omega: o METAS testará relógios de qualquer marca de acordo com os mesmos padrões. O desafio é conceber um relógio que consiga atender a tais normas.
O Globemaster
A linha Aqua Terra da Omega foi a primeira a oferecer um movimento Master Co-Axial, o calibre 8500, que combinou ineditamente o design Co-Axial da Omega com a nova tecnologia antimagnética em 2013. O novo Globemaster utiliza o calibre 8900, uma evolução do 8500, e foi escolhido como o primeiro relógio a receber a nova certificação METAS e o título de Master Chronometer. Outros virão: movimentos antimagnéticos com funções de cronógrafo e GMT e, dentro de cinco anos, quase todos os movimentos mecânicos da Omega serão Master Chronometers.
Parece adequado começar com o Globemaster. Ele é – à primeira vista – um relógio relativamente simples, com três ponteiros e data, sendo elegante mas sútil, com discretos 39 mm de um lado ao outro. Porém, a sua simplicidade apenas aumenta o foco na essência do relógio: o movimento, que foi o primeiro a ser aprovado no teste oficial mais rigoroso já concebido.
O mostrador “pie-pan” com contornos profundos faz referência aos antigos modelos Constellation da Omega. Assim como a característica luneta “canelada”: feita com carboneto de tungsténio quase indestrutível, também faz subtilmente alusão à vida útil da precisão do relógio. Ao virá-lo, o fundo da caixa em vidro de safira exibe o revolucionário movimento 8900. Antigamente, relógios com uma fracção do antimagnetismo do Globemaster teriam sido inseridos numa gaiola de Faraday, permanecendo ocultos. A visibilidade do movimento relembra a sua inovação. No centro do fundo da caixa está o famoso logotipo “Observatory” da linha Constellation, apresentando oito estrelas, uma para cada um dos recordes relojoeiros que a Omega bateu no século XX e agora para os oito testes rigorosos pelos quais o relógio Globemaster passou no século XXI.
A certificação METAS
A nova certificação METAS segue uma abordagem que é tendência no século XXI no que diz respeito aos resultados. Todos os resultados dos testes vão directa e automaticamente para o sistema SAP da Omega, não dando qualquer espaço para erro humano. Cada um é registado com o número de série do movimento ou relógio em teste. Portanto, em vez de emitir uma simples certificação, a Omega e o METAS dão aos utilizadores do Master Chronometer total acesso aos resultados individuais dos seus relógios em cada um dos oito testes, que podem visualizar no espaço do cliente no site da Omega ou scaneando os seus cartões METAS com o smartphone. Sabe que o seu relógio opera dentro daqueles parâmetros rigorosos, mas quão bem talvez o surpreenda.
Testes 1, 2 E 3
ANTIMAGNETISMO – MOVIMENTO E RELÓGIO COMPLETO
São os testes mais rigorosos, realizados primeiro no movimento após regressar do teste efectuado pelo COSC e, depois, no relógio “completo” (com caixa) após o movimento ter regressado à fábrica para a próxima etapa da montagem. Cada movimento ou relógio é inserido num lote de dez unidades dentro de um túnel de 50 cm formado por 300 ímanes permanentes, que, juntos, geram um campo magnético homogéneo de 15.000 gauss. O túnel tem mais ou menos o tamanho de um caixote do lixo doméstico, mas pesa 1,5 tonelada, ou seja, tanto como um automóvel. O poder dos ímanes combinados é tão forte que a última das 12 “placas” de ímanes a ser inserida durante a montagem da unidade flutua livremente acima das outras, embora pese 150 kg, ou seja, tanto quanto dois homens adultos de estatura mediana, e precisa de duas toneladas de pressão para ser encaixada à força no lugar. Cada movimento entra no túnel duas vezes, em duas posições diferentes. A sua cronometria é medida por um microfone que capta o tique-taque durante 30 segundos, tempo suficiente para o sistema de híper precisão detectar qualquer alteração. Esta técnica é utilizada nos outros testes de precisão, mas os microfones sensíveis aqui empregues tiveram de ser completamente reformulados para funcionarem num ambiente tão extremo. “Medimos a precisão do relógio”, diz Hobmeier, ”mas, se houvesse um problema, seria simplesmente uma falha catastrófica. Não encontrámos nenhum problema.” No terceiro teste relacionado com o magnetismo, o relógio completo é desmagnetizado e testado novamente para ver se a sua precisão diária foi alterada, provando que o cliente não notará nenhuma diferença entre um relógio magnetizado pelo METAS e outro desmagnetizado.
Teste 4
PRECISÃO MÉDIA DIÁRIA
Este é, indiscutivelmente, o teste mais importante, pois regista a precisão diária do relógio “completo” após quatro dias de teste, incluindo os testes de antimagnetismo, e efectua um teste em seis posições e a duas temperaturas. Neste último, os relógios montados são colocados dentro de caixas com dez unidades e mantidos numa de duas salas repletas de prateleiras. Uma sala é mantida a 23°C para simular as condições fora do pulso, e a outra, a 33°C, que é a temperatura no interior de um relógio sendo usado no pulso. Um robô desliza para cima e para baixo entre as prateleiras, pegando nas caixas e virando-as conforme o planeado com rapidez e precisão gestual, de modo a que os relógios passem o mesmo tempo nas seis posições, como as faces de um dado. No início e no final de cada dia, os relógios são retirados e colocados à mão sob uma câmara com iluminação perfeita. Isto mais tarde será automatizado. O sistema é capaz de saber as horas e calcular o quanto a cronometria do relógio foi alterada. As fotografias são armazenadas e os resultados são avaliados para se chegar a uma conclusão geral.
Teste 5
RESERVA DE MARCHA
Todos os fabricantes de relógios mecânicos dizem durante quanto tempo os seus relógios funcionam quando totalmente carregados, seja por corda manual ou pelo movimento do pulso, mas o teste do METAS é um dos primeiros a comprovar a reserva de marcha. Este teste é muito menos pesado do que os outros. O relógio é totalmente carregado e depois fotografado pelo mesmo sistema utilizado no teste de precisão média diária. Depois é deixado intacto até a corda acabar por completo e então fotografado novamente após o fim da duração pretendida de reserva de marcha, para garantir que o relógio tenha parado dentro do tempo estimado ou ainda esteja em funcionamento. A duração excede 60 horas no movimento do Globemaster, mas “a maioria funciona bem após 65 horas”, afirma Hobmeier.
Teste 6
DESVIO DA PRECISÃO EM SEIS POSIÇÕES
O teste dá enfoque a qualquer alteração na precisão do relógio entre as seis posições quando totalmente carregado. O teste do COSC só examina o relógio em cinco posições, excluindo a posição “relógio de mesa” padrão, na vertical com o 12 ao alto. É improvável que o relógio seja utilizado nesta posição, mas a Omega conduz testes desta maneira, só para garantir. Os relógios são colocados em lotes de 20 unidades dentro de um grande instrumento quadrado em aço inoxidável que se assemelha a um forno comum. Este vira a caixa dos relógios em cada uma das seis posições durante trinta segundos, capta o tique-taque e consegue detectar instantaneamente uma imprecisão inaceitável.
Teste 7
DESVIO DA PRECISÃO ENTRE 100% E 33%
A Omega e o METAS dão então um passo mais além e verificam se cada Master Chronometer marca tão bem as horas estando totalmente carregado como com a corda a dois terços. Este teste parece-se com o anterior e utiliza a mesma máquina. Este comprova que um relógio certificado marca as horas igualmente bem após ser deixado em cima de uma mesinha de cabeceira durante um ou mais dias.
Teste 8
RESISTÊNCIA À ÁGUA
Há décadas que a Omega verifica a resistência à água de todos os seus relógios, colocando-os dentro de água altamente pressurizada. Alguns testes menos rígidos utilizam apenas a pressão do ar. Lotes de relógios são imersos no que parece ser uma panela de pressão gigante de alta precisão, que depois é vedada. A pressão é aumentada até corresponder – ou, no caso de alguns relógios de mergulho, exceder de longe – à pressão na profundidade na qual se garante que o relógio funciona. Para verificar se penetrou água na caixa, os relógios são retirados e aquecidos a 50°C. Uma gota de água fria é colocada sobre o vidro. Se houver humidade no movimento, esta condensa-se imediatamente dentro do relógio.