Parthenope é uma moderna e elegante marca de sapatos italiana. Criada apenas este ano –  ainda está a dar os primeiros passos -, as suas raízes estão firmemente ligadas a uma tradição de séculos.

Os antigos gregos falavam da sereia Parthenope (em portu­guês, Partenope), cujo corpo deu à costa, depois de não ter conseguido enfeitiçar Ulisses. No local nasceu mais tarde um povoado que a homenageou, tomando-lhe o nome. Já os romanos preferiram uma história de amor e ‘vendetta’: o centauro Vesúvio apaixonou-se pela sereia Parthenope, e Zeus, ciumento, decidiu castigar ambos– a ela transformou-a em cidade, e a ele em vulcão. As erupções do Vesúvio não são, pois, mais do que manifestações da raiva do centauro afas­tado da sua amada.

Da História sabemos que os gregos fundaram o povoado Parthenope, que se transformou mais tarde em Nápoles, quando os romanos chegaram à região. Ainda hoje o termo iden­tifica todos os napolitanos, e Mario Canzanella é um típico ‘partenopeo’. Nascido e criado no bairro espanhol, um dos mais antigos da cidade e onde as tradições se mantêm bem vivas.

É aqui que ficam os pequenos ateliers dos artesãos que deram fama à manufactura da cidade. Estúdios como o da sua mãe, que trabalhava como modista para as principais boutiques em Nápoles. Em pequeno, o jovem Mario passava horas a contemplar as mãos hábeis da mãe e sempre sonhou em criar uma marca que respeitasse a memória desses artesãos, e onde o seu trabalho estivesse bem presente. A vida, natu­ralmente, tinha outros planos, e empurrou-o para o voleibol. Tornou-se jogador profissional, e representou várias equipas em Itália até que se mudou para Milão; e foi ali, na capital da moda, que finalmente encon­trou energias para lançar a sua marca: Parthenope, Bottheghe Artigiane (Oficina Artesanal), com sede em Milão, mas raízes e manufactura em ‘Napoli’, por um pequeno conjunto de artesãos independentes.

 

A Parthenope nasceu em Fevereiro deste ano, com uma colecção de calçado para senhora e alguns modelos de edição limitada. “Para mulhe­res que procuram moda, elegância, simplicidade, exclusividade e auten­ticidade”, explicou-nos Elisabeth Sastre, a francesa encarregada de dar a conhecer o nome ao resto da Europa.

O primeiro modelo, muito justamente chamado Sirena (Sereia), conse­guiu o feito de ser ao mesmo tempo original e tradicional, transformando­-se num ícone. O design inspira-se nos colarinhos das típicas camisas dos artesãos locais, com um final em V, que se prende utilizando botões de punho. Estes, por sua vez, funcionam também como um pequeno adereço, um acessório para o sapato. Nos modelos de edição limitada podem até ser verdadeiras jóias, com pedras preciosas. Estes modelos, em especial, têm um trabalho mais laborioso, tanto na pele como nos botões de punho, e podem facilmente demorar, a cada artesão, uns bons dois dias por par.

 

A Parthenope tem grandes ambições. Começaram por baixo (nos pés), mas o objectivo será transformarem-se numa marca de ‘look total’, dos pés à cabeça, tanto para homem como para mulher. E mais além, por­que no horizonte está também prevista a abertura de um restaurante de ‘fine dining’, que simbolize os valores da Parthenope e a estabeleça como uma verdadeira oferta de lifestyle a 360º.

Enquanto isso não acontece, a oferta come­çou por ser alargada a carteiras, na mesma linguagem visual do calçado, em tons bicolores e recorrendo aos botões de punho. A colec­ção chama-se Sofia, em homenagem a Sophia Lauren. A actriz nasceu Sofia Scicolone, em Roma, mas mudou-se muito jovem para Nápo­les, tornando-se, portanto, numa partenopea de coração.

www.parthenopebottegheartigiane.com

A área do Lifestyle tem muito poucos segredos para Bruno Lobo, jornalista com mais de 15 anos de experiência. Da moda aos automóveis, da relojoaria à tecnologia, da gastronomia à beleza. Porque “a vida é bem mais agradável com estes pequenos grandes prazeres”. GQ e Fora de Série são duas revistas onde o seu cunho se sentiu mais forte, mas já colaborou com várias revistas nacionais e internacionais, incluindo a Turbilhão, “com enorme prazer por poder contribuir para este projecto editorial”.