Nascida de uma história de amor, a Van Cleef & Arpels é hoje, 115 anos após a sua fundação, uma marca joalheira reconhecida em todo o mundo pela mestria artesanal com que dá vida a criações mágicas, delicadas e muito românticas.

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A narrativa da Van Cleef & Arpels funde-se com a história de amor entre dois jovens que resolveram unir duas paixões: a que nutriam um pelo outro e a que partilhavam pelas pedras preciosas. Ela, Estelle Arpels, era filha de um negociante de pedras preciosas, enquanto Alfred Van Cleef tinha como pai um lapidador de gemas.

Foi a combinação do amor partilhado pela joalharia, família e um pelo outro que levou à abertura (por Alfred e os cunhados), em 1906, da primeira boutique Van Cleef & Arpels no número 22 da conceituada Place Vendôme, em Paris. Uma localização privilegiada, em frente ao Hotel Ritz, um local que atraia muitos empresários e aristocratas europeus, que se apaixonaram pelas criações da jovem marca, ajudando assim a divulgar as peças da Maison ao mundo.

A paixão pelas gemas, o entusiasmo juvenil e o pioneirismo dos fundadores levaram ao rápido sucesso da Van Cleef & Arpels, surpreendendo através de peças com funções ocultas, modeladas a partir de pássaros exóticos, fadas e flores, bem como através da selecção criteriosa e inusitada de materiais em peças mais tradicionais. Reconhecida por produzir jóias exclusivas de grande qualidade e beleza, a Maison iniciou a sua expansão, abrindo boutiques em vários locais de férias franceses.

Em 1926, Alfred tornou-se director artístico da empresa e, na década seguinte, juntaram-se à equipa criativa a sua filha, Renée Puissant, assim como o designer de jóias, René Sim-Lacaze, uma dupla que viria a criar vários dos designs icónicos da Maison. Na mesma época, Alfred Van Cleef e Julian Aprils desenvolveram uma técnica – Engaste Mistério – para fixar pedras preciosas sem nenhuma garra visível. Usando principalmente safiras e rubis, a técnica consistia em cortar um pedaço na lateral das gemas para que estas se encaixassem perfeitamente umas nas outras. Esta técnica ainda hoje é praticada e só pode ser executada por um mestre joalheiro altamente qualificado e com gemas de cores perfeitamente correspondentes.

Mistery Set

Num feito de criatividade sem limites e realização técnica, a Van Cleef & Arpels também se estabeleceu como mestre da joalharia transformável. Uma das primeiras peças transformáveis da Maison foi o colar Passe-Partout, composto por uma corrente em ouro flexível, em forma de serpente e dois alfinetes em forma de flor. Esta peça podia ser usada como colar, gargantilha, pulseira ou alfinete de peito. Outro exemplo é o colar Zip. Trata-se de um fecho zip funcional, adornado com pedras preciosas e que pode ser usado como um colar ou pulseira quando totalmente fechado.

Expansão Internacional

Durante meados dos anos 1930 e 1940, a geração seguinte começou a surgir na empresa. Os três filhos de Julien, Claude, Jacques e Pierre, aprenderam o negócio com o pai e o tio e cada um deles assumiu um cargo diferente no mundo. Jacques assumiu a direcção da Van Cleef & Arpels em Paris, enquanto Pierre apresentava a empresa ao mercado japonês. Já Claude, com a ajuda dos tios, Julien e Louis, aventurou-se nos Estados Unidos. Foi um momento de grande crescimento e expansão para a empresa.

A Maison abriu boutiques no Japão, China e Nova Iorque. Logo após abrir este último espaço, na década de 1940, criou o alfinete de peito Spirit of Beauty, uma peça que exibia uma fada com asas e que pretendia ser um símbolo de esperança. Foi neste mesmo período, estimulado pela amizade com o co-fundador da School of American Ballet, que o designer da empresa na época, Maurice Divalent, criou os icónicos alfinetes de peito bailarina.

Alhambra, o Nascimento de um ícone

Depois de quatro décadas de criação de jóias para bailes e festas de gala nocturnas, repletas de pedras preciosas, a Maison decidiu, na década de 1950, criar mais peças que pudessem ser usadas no quotidiano, jóias que atrairiam um público jovem e afluente. Isso resultou na criação de alfinetes de peito em forma de animais, feitos principalmente de ouro e polvilhados de pedras preciosas e semipreciosas.

Em 1968 nascia o mais icónico design da Van Cleef & Arpels: Alhambra. Inspirado no trevo de quatro folhas, considerado um símbolo de sorte, amor e saúde, este motivo foi embelezado com várias gemas ao longo dos anos, incluindo madrepérola, turquesa, diamante, ónix e cornalina. Reminescente dos motivos quadrifólio encontrados nos azulejos mouriscos do Palácio de Alhambra, em Granada, esta colecção ainda está em produção e inclui anéis, brincos, colares, pulseiras e relógios.

Hoje parte do Grupo Richemont, e 115 anos após a abertura da primeira boutique, a Van Cleef & Arpels permanece icónica e intemporal, celebrada pelas suas jóias mágicas e magistralmente elaboradas, que incluem desde flores delicadas a animais brincalhões e bailarinas esvoaçantes.