O nome revela o tom palaciano. O edifício confirma-o. O Pestana Palace é um dos cinco estrelas mais emblemáticos da capital. O hotel fica no Palácio do Marquês de Valle Flor, no Alto de Santo Amaro, primorosamente restaurado.
Não é por acaso que o palácio e os seus jardins estão classificados como Monumento Nacional. Este palácio do século XIX é um dos mais belos exemplares deste período em Lisboa, e denota algumas diferenças arquitectónicas relativamente ao que era habitual na época, revelando influências nomeadamente de França, Itália e mesmo de África. Ao ser adquirido pelo grupo Pestana ganhou uma nova vida e a glória novecentista, após anos de degradação.
Originalmente foi mandado construir por José Luís Constantino, um transmontano que viveu em S. Tomé e Príncipe e que fez fortuna na exploração agrícola. Foi um dos fazendeiros que contribuíram para que a ilha equatorial fosse entre 1912 e 1915 o primeiro produtor mundial de cacau.
Defensor desta colónia e da política de então, ocupou diversos cargos ao serviço do Reino e a sua acção ter-lhe-á valido o título de Marquês de Valle Flor, outorgado pelo rei D. Carlos.
Com a fortuna acumulada em África – diz-se que era um dos homens mais ricos do país -, construiu o opulento palácio lisboeta em finais do século XIX, princípio do século XX para sua residência. O arquitecto italiano Nicola Bigaglia fica ligado ao projecto entre 1905 e 1906, embelezando-o e trazendo ideias novas.
Por fim, o facto de os marqueses terem fortes laços com França influenciou as opções decorativas, o mobiliário e o estilo faustoso que remete para o período de Luís XIV, Regência, Luís XV e Luís XVI.
Restauro de dez anos
Com a morte do Marquês em 1932, o edifício foi perdendo gradualmente o brilho e o esplendor, degradando-se bastante, mesmo quando esteve nas mãos do Estado. Ali chegou a funcionar o Centro de Estudos de História e Cartografia Antiga.
Ao ser adquirido em 1992 pelo grupo Pestana necessitou de um profundo restauro durante dez anos, onde foram gastos mais de 7 milhões de euros. Envolveu especialistas altamente qualificados – alguns trabalharam anteriormente no Vaticano – para os trabalhos de frescos, vitrais e esculturas.
E alguns dos vitrais – apesar de originários de oficinas portuguesas do século XIX – tiveram mesmo de ser transportados para Florença e Milão, a fim de assegurar a sua recuperação integral. Em 1997, o Palácio Valle Flor recebeu a classificação de Monumento Nacional, a atestar o seu valor patrimonial e histórico.
Ao ser inaugurado em Maio de 2001, o Pestana Palace deslumbrou com os seus luxuosos aposentos mas também pelo detalhe e magnífico restauro ali efectuado. Ao luxo palaciano e à impressionante vista sobre Lisboa não ficaram indiferentes personalidades como Madonna que o elegeu nas suas visitas a Lisboa.
Uma recuperação fiel, aclamada internacionalmente e que poderá servir de exemplo para futuras adaptações/restauros do património edificado lisboeta.
Cocheiras dão lugar a centro de congressos
O Pestana Palace Hotel tem 194 quartos, dos quais 4 são suites reais. Estas localizam-se nos antigos aposentos privados dos marqueses. Todos os salões e quartos evidenciam uma riqueza e pormenores decorativos. O restaurante Valle Flor, com uma carta essencialmente dedicada à gastronomia portuguesa, é um dos seus muitos atractivos.
A aquisição pelo grupo das antigas cocheiras do Palácio Valle Flor veio enriquecer ainda mais o hotel. Este edifício de dois pisos funciona agora como centro de congressos. O seu restauro e adaptação manteve as memórias do início do século XX e dos tempos em que albergava coches cavalos e arreios. Aliás, ainda se pode observar a disposição circular das baias dos cavalos. O projecto é da autoria do arquitecto José Ferreira da Costa.