Dois trunfos de Portugal, o vinho e o turismo são aliados poderosos em terras do Douro. Esperam-no dias de descanso passados à descoberta dos melhores enoturismos do país, a comer e beber melhor, e sem nunca perder de vista uma das mais belas paisagens do mundo.

A classificação como Património Mundial da UNESCO em 2001 foi o ponto de partida para a transformação da primeira região demarcada do mundo num destino de reconhecimento internacional. Desde então e com a crescente popularidade de Portugal, esta região excepcional, até há pouco tempo quase em isolamento, compete ao mesmo nível com Bordéus, Champagne ou Napa Valley. São por isso cada vez mais os espaços de enoturismo, hotéis e quintas onde pode passar a noite, fazer provas de vinho e participar em actividades vínicas. Deixamos-lhe aqui oito das melhores moradas, começando a viagem pelo fim, ou seja, na foz do Douro.

1. The Yeatman

The Yeatman, em Gaia, é um nome incontornável. Membro da Relais & Châteaux, afirma-se como um embaixador dos vinhos nacionais, contando com a mais abrangente cave de vinhos portugueses do Mundo e uma extensa lista de prémios e reconhecimentos internacionais e nacionais, como o “Best of Award of Excellence” pela Wine Spectator, a mais influente revista internacional de vinhos.

Este hotel vínico de luxo oferece uma vista magnífica sobre o Porto, só superada por um jantar no restaurante gastronómico, chefiado por Ricardo Costa. Com uma estrela Michelin desde 2011, o Orangerie foi alargado ganhado um Jardim de Inverno para proporcionar mais lugares com vista sobre o Douro. De resto, The Yeatman oferece vários programas dedicados ao vinho, onde se incluem jantares temáticos, provas e seminários. Sem esquecer, claro o famoso spa de vinoterapia com a chancela Caudalie.

2. Six Senses Douro Valley

A cadeia asiática Six Senses escolheu a Quinta do Vale Abraão (que em tempos pertenceu à aristocrática família Serpa Pimentel) para abrir, em 2015, o seu primeiro spa resort na Europa, dando nova vida ao antigo Aquapura. Os interiores da casa apalaçada estão agora mais luminosos e, apesar da decoração contemporânea, rementem para o passado e vocação vinícola da propriedade. Além do programa de bem-estar e tratamentos com a assinatura Six Senses, ou dos prazeres da mesa (o hotel contratou o chef Ljubomir Stanisic como consultor executivo), proporciona aos hóspedes provas diárias e cursos sobre vinhos do Douro e do Porto (dados pelas wine directors Sandra Tavares da Silva e Francisca van Zeller), além de visitas a quintas históricas da região ou experiências personalizadas, à medida de cada cliente. Destaque especial para a piscina exterior, uma das mais bonitas do país.

 

3. Quinta do Vallado

Daqui seguimos para as margens do rio Corgo, perto do Peso da Régua. A Quinta do Vallado é um marco histórico, com referências que datam de 1716. Pertenceu a Dona Antónia Adelaide Ferreira e está há seis gerações na mesma família. João Ferreira Álvares Ribeiro, Francisco Ferreira e o enólogo Francisco Olazabal (da Quinta do Vale Meão) são os responsáveis pelos vinhos e também pelo projecto de enoturismo que começou numa ala da casa de família e foi ampliado com a abertura de um hotel rural que segue a linguagem de linhas rectilíneas da adega, desenhada pelo arquitecto Francisco Vieira de Campos. Além de provas de vinho e cursos de iniciação à prova, oferece passeios pedestres, de bicicleta, de barco e de jipe, pesca no rio, piqueniques campestres e aulas de cozinha tradicional.

 

4. Vintage House Hotel

Um dos hotéis emblemáticos do Douro, a Vintage House já passou por várias mãos e recentemente tornou-se propriedade da The Fladgate Partnership. Proprietária das prestigiadas casas Taylor’s, Croft, Fonseca e Krohn, a empresa recuperou este histórico hotel no Pinhão, dotando-o de quatro novas suites e espaços renovados, num total de 47 quartos, todos com vista para o Rio Douro. Além disso, no “novo” restaurante Rabelo, onde se respeitam tradições gastronómicas da região, a carta de vinhos foi reforçada.

Debruçado sobre as águas do rio, mesmo à entrada do Pinhão, o Vintage House assiste diariamente às travessias de barco e às ligações a várias quintas produtoras de vinho, tornando-se um ponto de partida privilegiado para descobrir a região.

5. Quinta de la Rosa

Também no Pinhão, mas na margem direita do rio, a Quinta de La Rosa é um enoturismo de características únicas. A maioria das casas produtoras fazem o amadurecimento e engarrafamento em Vila Nova de Gaia, mas na Quinta de la Rosa tudo é feito no Douro. Ou seja, aqui pode assistir a todo o processo, desde a vinha até ao engarrafamento.

O alojamento faz-se entre a centenária casa principal e o edifício das vinhas, de construção mais recente, num total de 14 quartos (a que acrescem os cinco quartos da Quinta Amarela, utilizados para estadas longas) que têm, na maioria, nome de mulheres da família Bergqvist, proprietários da quinta desde 1906.

6. Casa do Rio

Na década passada, a Quinta do Vallado decidiu alargar a área de vinhas próprias para o Douro Superior e comprou a Quinta do Orgal, em Castelo Melhor, perto de Vila Nova de Foz Côa. Em paralelo com a plantação de vinhos, criaram uma extensão do wine hotel que já possuíam. Com apenas seis quartos, a Casa do Rio tem uma localização estratégica e uma vista literalmente de cortar a respiração. Neste local, o isolamento e a força da natureza têm um impacto tão forte que só por si torna a experiência única. Como extra, vem a arquitectura do edifício totalmente em madeira (também assinado por Francisco Vieira de Campos), que já lhe valeu o galardão de “Práticas Sustentáveis de Enoturismo” nos Best of Wine Tourism de 2016.

7. Casas do Côro

As Casas do Côro colocaram Marialva no mapa. Situada na fronteira entre o Douro e a Beira Interior, esta aldeia histórica vê o seu nome confundido com o deste projecto de turismo de referência, tudo porque há 18 anos Paulo e Carmen Romão decidiram recuperar uma série de casas abandonadas e transformá-las em alojamentos de luxo. Hoje com cerca de 30 quartos, um restaurante, um spa e um sem número de actividades, as Casas do Côro também se dedicam à produção de vinho, oferecendo várias experiências na área do enoturismo, muitas das quais organizadas em parceria com a equipa da Ramos Pinto, incluindo visita às Gravuras Rupestres e Quinta da Ervamoira, Museu do Sitio, e da Casa Ramos Pinto, com prova alargada de vinhos do Porto e almoço.

Jornalista Viciada em hotéis, Catarina Palma está sempre a par das últimas novidades da hotelaria mundial. Começou a trabalhar no jornal PÚBLICO, mas foi a escrever sobre viagens que descobriu a sua verdadeira paixão. “Quem quer escrever sobre políticos, quando pode escrever sobre o melhor do mundo?” Directora da Rotas & Destinos durante mais de 10 anos, revista de viagens que deixou saudades, coordena actualmente o projecto Lisbon Shopping Destination e escreve sobre temas de luxo e lifestyle para diversas publicações, como a TURBILHÃO.