Presidente do Omega Timing, Peter Hürzeler está, desde 1970, envolvido no mundo da cronometragem desportiva. 3708 dias, 15 edições dos Jogos Olímpicos, 36 Jogos Continentais, 19 campeonatos mundiais de natação e mais de 300 provas de atletismo depois, Hürzeler continua apaixonado pelo trabalho que desenvolve.

Que melhorias em termos de cronometragem estão previstas para os Jogos Olímpicos de Londres?

Temos sempre a mesma melhoria: fazer um serviço 100 por cento, não cometer erros e dar os resultados correctos. E esse é o nosso objectivo para cada competição. Não temos coisas especiais para os Jogos Olímpicos que não tenhamos para outras competições. Para nós o mais importante é dar o resultado perfeito aos atletas, porque estamos a trabalhar para eles. E o desafio é sempre o mesmo: não cometer erros.

E em termos de equipamento, há alguma novidade?

Este ano temos exactamente o mesmo equipamento que tivemos nos últimos Jogos Olímpicos. Apenas o bloco de partida é completamente novo. O antigo tinha um sistema mecânico que desenvolvemos para as olimpíadas de Montreal em 1975 e os atletas queixavam-se que este se movia cerca de 5 milímetros, ou seja, tinham sempre a sensação de que andavam para trás. O novo é fixo, a pedido dos atletas.

É importante esta troca de impressões com os atletas?

Sim e estamos em permanente contacto com eles. Há sete anos experimentámos um novo sistema de partida, falámos com os atletas, mudámo-lo e regressámos com este novo bloco de partida. Os atletas experimentaram-no e ficaram muito satisfeitos. Este sistema também é especial para treinos, para obter e analisar valores no computador… Além disso, podemos também medir a pressão que o atleta faz sobre o bloco quando parte e ficámos muito surpreendidos. Fizemos este teste em 1973 ou 1975 e o valor mais elevado foi 160 kg. Em Los Angeles, no ano passado, testámo-lo com Asafa Powell e pensámos que o sistema não estava a funcionar bem porque o resultado eram 240 kg.

Peter Huerzeler of Swiss Timing / Omega poses next to an Omega Starting block during the 14th FINA World Aquatics Championships at the Oriental Sports Center in Shanghai, China, Friday, July 29, 2011. (Photo by Patrick B. Kraemer / MAGICPBK)
Peter Huerzeler of Swiss Timing / Omega poses next to an Omega Starting block during the 14th FINA World Aquatics Championships at the Oriental Sports Center in Shanghai, China, Friday, July 29, 2011. (Photo by Patrick B. Kraemer / MAGICPBK)

Toda a tecnologia de cronometragem é desenvolvida pela Omega?

Sim porque temos que ter o controlo absoluto. Não é possível entregar a outros o desenvolvimento do equipamento de cronometragem porque depois não conhecemos o software.

E não se dá o caso de o Comité Olímpico Internacional ter necessidades específicas e pedir-vos para desenvolverem determinados equipamentos?

Estamos sempre 20 anos à frente do Comité Olímpico. (risos)
Qual a maior mudança em termos de cronometragem do passado para hoje?
A cronometragem começou com os cronógrafos mecânicos e hoje é totalmente electrónico. Os primeiros Jogos Olímpicos, em 1932, foram cronometrados com 32 cronógrafos e um relojoeiro. Em Berlim, foi novamente um relojoeiro e 157 relógios. Aqui em Londres, em 1948, eramos 6 ou 7 pessoas e hoje somos 430. Veja como cresceu…

Que mudanças prevê para os próximos 20 anos?

Hoje em dia demora-se algum tempo a obter os resultados nas corridas. Se for uma prova relativamente simples, os resultados são dados em 8 a 10 segundos, mas na natação, por exemplo, assim que o desportista toca no painel, o seu tempo aparece no quadro. Este será talvez o futuro, espero. Obter os resultados com o transponder e, imediatamente quando os atletas cruzam a meta, poder tê-los nos quadros… Estamos a testá-lo este ano, pela primeira vez, em provas indoor, mas apenas daremos resultados até ao décimo de segundo. Tenho a certeza de que no futuro encontraremos a solução para fazer melhor. O meu sonho é que em 20 anos possamos dar os resultados em centésimos de segundos instantaneamente.

Quão desafiante é a sua profissão e o que é que o mantém apaixonado neste trabalho?

Já fiz 15 Jogos Olímpicos e este ano será a minha 16ª participação. Eu tenho uma grande vantagem: o meu hobbie é a minha profissão, logo mantenho-me ocupado e sempre satisfeito.

Em todos estes Jogos, qual foi o momento de cronometragem inesquecível?

Tudo na vida é semelhante, tem bons momentos e maus momentos e isso acontece em todos os Jogos. Mas acho que o que é verdadeiramente inesquecível é dar os resultados aos atletas e toda a gente confiar e acreditar em nós. O que de melhor podemos ter na vida do que a confiança de toda a gente?