Pisar a fundo

Driving Shoes

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Não precisa de ter um desportivo, ou sequer carta de condução para usar uns bons driving shoes, o símbolo máximo do dolce far niente…

Os anos 1960 foram brilhantes para quem gosta de se sentar atrás do volante. Só nessa década nasceram o primeiríssimo Porsche 911, o DB5 da Aston Martin, ou o Shelby Cobra. Em Itália foi a época do Miura da Lamborghini, do “Spyder” da Maserati, e dos “Spider” da Alfa Romeo e da Fiat (incluindo o 124 agora recriado). Foi, finalmente, a época de ouro dos GT em Maranello, com os 250, 275 ou 365 que tanto ajudaram a perpetuar o mito Ferrari.

Por essa mesma altura nasciam, também em Itália, os sapatos de condução, outra grande invenção para quem adora automóveis. A sua construção, numa pele mais leve e maleável e a sola modular, com pontas em borracha, permitia “sentir” muito melhor os pedais, exponenciando o prazer sob os nossos pés. Estes sapatos nasceram em 1963, com uma marca justamente apelidada de Car Shoe (hoje membro do grupo Prada), seguida pouco depois pela Tod’s. E ainda hoje estas duas marcas dominam o mercado premium.

De início os driving shoes eram usados exclusivamente para a condução, o que restringiu o número de “utilizadores” a pessoas endinheiradas o suficiente para comprarem pares de sapatos só para conduzir, tal como os próprios desportivos que com eles tão bem combinavam. Mas nem sequer este grupo tão selecto resistiu por muito tempo em trazer os seus novos loafers para o passeio, e os driving shoes depressa se tornaram num símbolo da Dolce Vita, de uma atitude mais descontraída perante a vida. Entre os fãs destacava-se Gianni Agnelli, aka L’Avvocato, seguramente um dos homens que mais contribuiu para a popularidade deste novo tipo de calçado. Agnelli, dono da Fiat e o homem mais rico de Itália (controlava por essa altura cerca de 4,4% do PIB do seu país), era também um dos homens mais admirados pelo seu estilo – e o mais copiado. Ora Agnelli usava os seus loafers de condução com tudo, inclusivamente com fatos, uma manobra muito arriscada até para ele, exemplo maior da célebre sprezzatura italiana.

A área do Lifestyle tem muito poucos segredos para Bruno Lobo, jornalista com mais de 15 anos de experiência. Da moda aos automóveis, da relojoaria à tecnologia, da gastronomia à beleza. Porque “a vida é bem mais agradável com estes pequenos grandes prazeres”. GQ e Fora de Série são duas revistas onde o seu cunho se sentiu mais forte, mas já colaborou com várias revistas nacionais e internacionais, incluindo a Turbilhão, “com enorme prazer por poder contribuir para este projecto editorial”.