Quem entra na Rosa & Teixeira, na Avenida da Liberdade, e percorre o seu espaço de cerca de 600 m2, onde imperam a excelência e o bom gosto, talvez não adivinhe que existe um outro mundo, para lá dos espelhos, onde com engenho a arte ganha forma. Por isso, fomos à descoberta dos seus bastidores e ficámos a conhecer os profissionais que ajudam a elevar Rosa & Teixeira a uma das marcas de referência em alfaiataria por medida.

José de Castro, que assumiu esta Casa lisboeta em 1981, é gerente, mentor e anfitrião de quem por ali passa. Sejam novos clientes ou amigos de longa data, sabem que, aqui, mais do que fatos, encontram sabedoria.

“Há uma arte, um saber que transmito todos os dias aos nossos colaboradores. Começa nos ateliers, onde os nossos alfaiates e costureiras especializadas confeccionam cada peça, ponto por ponto. E culmina aqui, onde nos diferenciamos por estarmos preparados para explicar ao cliente o que está a comprar, o ‘porquê das coisas’: do tecido, do ponto, da forma como determinada peça foi concebida e como deve ser vestida… É uma complexidade que não está ao alcance de todas as lojas”, salienta, abarcando com um olhar um espaço onde se alinham casacos, calças, camisas e gravatas, em filas ordenadas, num perfeito degradé cromático.

“Aqui nada é por acaso”, acrescenta. E, de facto, não é. 

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José de Castro continua a percorrer a Europa numa incansável busca pelas melhores matérias-primas e por marcas internacionais de excelência, cujos valores de qualidade, atenção ao detalhe e exclusividade possam ser associados ao conceito Rosa & Teixeira. Mas apesar desta oferta diversificada, o gerente não deixa de enfatizar que a origem de Rosa & Teixeira está profundamente enraizada na alfaiataria.

Confeccionar fatos por medida, sem o recurso a quaisquer meios industriais, é o seu ADN. E depois, “há tudo o resto”, nomeadamente o serviço de personalização de pronto-a-vestir, que beneficia de uma equipa altamente profissional, formada em alfaiataria por medida.

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O mundo“ atrás do espelho”

É nos bastidores que a arte começa a ganhar forma. Nos seus corredores e ateliers alinham-se calças e casacos em diferentes estágios de finalização. E os movimentos dos mestres, das costureiras e dos oficiais de alfaiataria têm a fluidez instintiva da experiência e a precisão de um relógio.

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O Sr. Gomes, mestre alfaiate, aplica um molde e traça linhas de giz sobre um tecido que se transformará numas calças à medida. É das suas mãos habilidosas que, com a serenidade que vem de uma sabedoria há muito adquirida, ‘nasce’ cada peça, única e pessoal, com a assinatura do serviço de confecção à medida Rosa & Teixeira. Numa prateleira atrás de si podem ver-se dezenas de moldes, ‘decalques’ perfeitos das medidas dos seus clientes.

“Quando o cliente vem pela primeira vez, faço logo uma prova. Mas quando já é um cliente habitual temos os seus moldes e só fazemos a prova mais tarde”, começa por explicar. “Cada peça que daqui sai é uma obra única. Os corpos não são todos iguais nem perfeitamente simétricos, mas a peça deve assentar ao cliente ‘como uma luva’, correcta nas medidas e nas costuras”. E, em jeito de ilustração, segura um casaco onde ainda se podem ver as entretelas – não termocoladas, mas minuciosamente cosidas à mão.

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Numa outra sala, as mãos ágeis do Sr. Baptista, mestre alfaiate e responsável pelo serviço de personalização de pronto-a-vestir, marcam a giz as mangas de um casaco que precisam de ser subidas. “Já são 53 anos de prática, não custa nada”, afirma com um sorriso, apesar de esta ser uma alteração que exige mestria. “Num casaco como este, que tem as casas abertas, é necessário fazer a alteração na cabeça da manga. Trata-se de uma emenda mais complexa, que leva o seu tempo”, explica.

É o Sr. Baptista que, como diz, ‘dá a cara’ por uma equipa constituída por um oficial alfaiate e três costureiras: “Somos nós, os mestres alfaiates, que atendemos o cliente na sala de provas e, depois de finalizada a peça, conduzimos as provas finais”. Segundo o mestre, as alterações mais comuns são subir as mangas e encurtar os casacos. Nas calças, é necessário fazer bainhas e, por vezes, destorcer as pernas “para que o vinco caia perfeitamente direito”.

Toda a equipa tem formação e uma larga experiência em alfaiataria por medida, e segundo D. Arminda, uma das costureiras especializadas, dada a exigência técnica do trabalho que realiza não poderia ser de outro modo: “São mais do que simples emendas. Por vezes é necessário desmanchar uma peça inteira e, praticamente, refazê-la”. Cavear, guarnecer, apontar ou destorcer são algumas das técnicas que D. Arminda começou a praticar a partir dos 12 anos de idade. “Sempre fiz costura por medida e também sempre preferi o vestuário masculino”, revela.

Esta atenção ao detalhe – esta aspiração pela perfeição, partilhada por todos os colaboradores, marca a identidade de Rosa & Teixeira, que continua a assumir-se como ponto de encontro do melhor design masculino em Portugal.