A preocupação com a sustentabilidade ambiental está a mudar a forma como vivemos. A aposta nos veículos eléctricos está a acontecer em todo o mundo e Portugal insere-se neste novo caminho. É um facto que a revolução da mobilidade está a chegar e que as tecnologias de condução eléctrica também desempenham um papel decisivo no transporte individual. Onde estamos actualmente – ou melhor, como iremos conduzir no futuro próximo e em que direcção podemos ir.
O desafio humano das alterações climáticas está a ter impacto na política de transportes em toda a Europa. As restrições de entrada de carros de combustão interna – pelo menos aqueles com motores a diesel – estão a surgir nas nossas cidades. A partir de 2030, nenhum carro novo com motor de combustão interna será permitido nas estradas em Copenhaga, Oslo, Milão, Roma, Amsterdão, Roterdão, Utrecht, Haia, Barcelona, Londres, Manchester, Birmingham, Oxford, bem como Auckland, Cidade do Cabo ou Vancouver. Além disso, a Islândia, os Países Baixos, a Irlanda, a Eslovénia, a Suécia e a Dinamarca estabeleceram o objectivo de eliminar gradualmente os motores de combustão interna até 2030.
Em Portugal, a mobilidade impulsionada pela electricidade já cresceu e prevê-se que aumente ainda mais significativamente nos próximos cinco a dez anos. As vantagens do crescimento da mobilidade eléctrica são muitas, incluindo: descarbonização da economia, redução da dependência energética, redução da pegada de carbono e do ruído e aumento da eficiência energética para transporte.
Portugal pioneiro
Portugal surge, sem dúvida, como um pioneiro pró mobilidade eléctrica nos dias de hoje com um projecto exemplar. “Uma ilha inteira livre de CO2” é o objectivo do projecto conjunto do Grupo Renault e do fornecedor local de energia, Empresa de Electricidade da Madeira S.A. (EEM). Ao fazer uso de energia fotovoltaica, energia eólica, veículos eléctricos e baterias em segunda vida, a ilha de Porto Santo vai tornar-se uma ilha inteligente e livre de energia fóssil. Para tornar isso uma realidade, o especialista em infra-estruturas de mobilidade eléctrica, The Mobility House, desenvolveu o carregamento e sistema de gestão de energia, o que evita a expansão da rede, muitas vezes cara, aumenta a parcela de energia renovável e reduz significativamente as emissões de CO2. Assim, garante a optimização da interacção entre carros eléctricos convencionais, armazenamentos de estacionários em segunda vida e veículos eléctricos bidireccionais.
Mas também estão a ser feitos progressos no continente em termos de infra-estruturas de carregamento. Só em Lisboa, com um forte cenário de start-ups, estão já disponíveis mais 500 estações de recarga para veículos eléctricos.
Aceleração e desaceleração
Uma coisa é certa, a partir do momento em que alguém decide comprar um carro totalmente eléctrico, deve ter bem presente que não deverá ter a agenda preenchida com longas e rápidas viagens. Porque, sim, a limitação de distância percorrida sem a opção de simplesmente conduzir até ao próximo posto de combustível requer habituação e planeamento cuidadoso. Em vez disso, a desaceleração está na ordem do dia.
Em meados de Fevereiro existiam cerca de 2.319 postos com diferentes capacidades de carregamento disponíveis em todo o país e com uma sólida distribuição geográfica; principalmente em estacionamentos, garagens e vias públicas. Cadeias de retalho inteligentes, como o Ikea ou o Lidl, tornam as compras ainda mais gratificantes e fidelizam o cliente através de postos de recarga de veículos.
Mas quanto tempo é necessário para o carregamento completo nas estações, a maioria das quais com energia de 11 ou 22 kW? Facilmente três a cinco horas, dependendo do tamanho da bateria. Já as estações de carregamento rápido de corrente contínua com 50, 100 ou mesmo 150 KW de potência podem completar uma carga de 80% em cerca de 30 minutos.
A infra-estrutura de carregamento dos nossos vizinhos espanhóis actualmente conta com 3.856 lugares acessíveis ao público para carregar carros eléctricos. Isso enquanto países da UE como França, Alemanha ou Holanda já têm redes de estações de carregamento na ordem das 20.000 a 30.000, com capacidades diferentes. Em toda a UE, o crescente aumento da oferta eleva o número de estações de carregamento públicas para cerca de 300.000.
E por que não um híbrido?
A combinação de motor de combustão e motor eléctrico com um híbrido, plug-in ou mesmo híbrido moderado (cuja bateria só suporta o motor de combustão durante a aceleração) dificilmente desempenha um papel nas estatísticas de registo da UE. No entanto, Portugal possui uma das maiores quotas de mercado de veículos eléctricos do mundo, com híbridos plug-in a representar 12% das vendas de automóveis do país, em 2020.
Na maioria dos países, os subsídios estão disponíveis apenas para híbridos plug-in. Este tipo de veículos podem cobrir apenas uma certa distância (entre 45 e no máximo 60 km) em modo exclusivamente eléctrico e, com o dual drive, a eficiência energética deteriora-se consideravelmente devido ao peso adicional da bateria (250 kg), que afecta negativamente a pegada ecológica do plug-in. Do ponto de vista do consumidor, mesmo os valores de consumo citados pelos fabricantes como 1,0 a 2,5 litros / 100 km, não passam de uma miragem.
Incentivos à mobilidade eléctrica
A mobilidade eléctrica está a ser impulsionada em vários países da UE como uma importante contribuição para um transporte individual mais amigo do ambiente através de incentivos atraentes, subsídios fornecidos de acordo com modelos variados. Em Portugal, o incentivo governamental aos cidadãos e também às empresas prevê um apoio monetário de 2.250 € para automóveis e 400 € para motociclos. A isenção do Imposto Único de Circulação (IUC) e do Imposto sobre Veículos (ISV), bem como do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas (IRC), este último o mais importante para as empresas. Além disso, e também para as empresas, existe a redução do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA).
Incentivos Governamentais
- Incentivo de 2.250 € para aquisição dos primeiros mil veículos eléctricos
- No caso de veículos híbridos plug-in com autonomia eléctrica igual ou superior a 25 km, há redução de 75% no valor do imposto automóvel a pagar
- No caso de carros 100% eléctricos, o comprador fica isento do imposto sobre veículos e do imposto único de circulação;
- Desconto na taxa de estacionamento em muitas cidades;
- As empresas beneficiam também de isenção de tributação autónoma e de dedução do IVA.