A busca pela performance máxima dos relógios mecânicos foi o mote que deu início à aventura

Hoje, a Greubel Forsey é uma das mais conceituadas marcas de alta relojoaria do mundo. Stephen Forsey, um dos fundadores, esteve em Portugal para celebrar o 10.º aniversário da manufactura e explicou as motivações que estiveram na génese da Greubel Forsey e que ainda hoje são os alicerces sobre os quais esta se move.

O que vos inspirou a criar a Greubel Forsey?

Normalmente, quando se começa uma marca, faz-se uma pesquisa de mercado para perceber quais as necessidades deste, etc., mas nós não o fizemos. Enquanto relojoeiros, trabalhávamos na indústria, em mecanismos especialmente complicados, e aquilo que sentimos, foi que havia certos mecanismos, nomeadamente em termos de performance, que gostaríamos de explorar, no sentido de perceber se podíamos fazer algo de novo. Esse foi um elemento. Sentimos que os relógios mecânicos realizados industrialmente que existiam eram óptimos do ponto de vista comercial, mas faltava-lhes um pouco a beleza, charme e personalidade de algo que fosse mais artesanal. Tínhamos ideias em termos de design, arquitectura e criação que achámos que seriam interessantes de explorar também. Por isso combinámos estes elementos e juntámo-los com a procura da melhoria da performance do relógio mecânico, de modo a trazer fiabilidade aos relógios mecânicos complicados de ponta. No passado, estes eram feitos inteiramente de modo artesanal e achámos que, com a tecnologia que tínhamos disponível, certamente poderíamos fazer algo em termos de grande complicação, com uma bela arquitectura, com um nível elevado de acabamento artesanal, e que tivesse a mesma fiabilidade que os produtos mais industriais e comerciais. Estes foram os elementos principais e pode parecer loucura, mas foi apenas a algumas semanas de lançarmos a marca que realmente calculámos qual seria o valor da peça, o valor de que necessitávamos para poder continuar a nossa aventura. Portanto, a Greubel Forsey nasceu completamente ao contrário da maioria das marcas, mas penso que é desta forma que lançamos algo mais autêntico e original. O Robert e eu juntámo-nos para tentar percorrer um caminho completamente diferente em termos de mecanismos, por isso temos coisas a partir das quais podemos evoluir. Mesmo depois de 10 anos, pode ver-se que na nossa colecção tudo pertence a uma família porque damos valor ao detalhe e ao código genético de cada peça e por isso esses detalhes estão presentes em todas as peças. Existe uma coerência entre a nossa modesta colecção.

Quantos relógios produzem por ano?

Actualmente, podemos produzir cerca de 100 peças por ano. Com 40 retalhistas em todo o mundo, um deles a Boutique dos Relógios Plus, significa que procuramos algo muito, muito especial, com quatro pessoas por ponto de venda por ano. Muito especial

E pretendem manter este número?

Sim, não é algo guiado por uma orientação comercial. Não podemos mesmo fazer mais do que 100 peças por ano porque a quantidade de detalhes de trabalho artesanal e as centenas de horas que empregamos em cada relógio acaba por limitar a quantidade anual.

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Quanto tempo leva uma peça Greubel Forsey a ser criada?

A primeira peça que lançámos em 2004 levou quatro anos e meio. A nossa segunda invenção, o Turbilhão Quádruplo levou cinco anos a ser concebida e desenvolvida, já o Turbilhão 24 Segundos levou três anos e meio, assim como o GMT. A média será de quatro anos, mas não é estanque. No SIHH 2014 mostrámos o primeiro protótipo completo do Calendário Perpétuo Equação do Tempo, que requereu oito anos de trabalho. Foi um projecto muito longo e intenso para que estivesse ao nível que desejávamos. Assim, alguns projectos são muito longos, outros um pouco mais rápidos.

A Greubel Forsey é muito focada no turbilhão. Por quê este mecanismo?

Porque o turbilhão precisava ainda de tanto trabalho. De facto, temos estado na vanguarda de uma nova geração de turbilhões, mas não estamos apenas interessados no turbilhão. Há tantos outros temas, como o GMT o Calendário Perpétuo, mas havia tanto a ser feito em termos do turbilhão, mostrando que este podia ser um mecanismo de alta performance em termos de precisão, que foi a nossa grande aposta.

A Greubel Forsey produziu recentemente uma Peça Única para a Boutique dos Relógios Plus. O que nos pode dizer acerca desta parceria?

Historicamente, Portugal foi um porto muito importante em termos de navegação à volta do mundo. Actualmente, continua a receber imensos viajantes de todas as partes do mundo e a Boutique dos Relógios Plus queria oferecer-lhes uma experiência diferente. Normalmente não fazemos este tipo de parceria, mas chamou-nos a atenção o facto de a Boutique querer fazer algo especial. Por isso trabalhámos juntos numa peça com sabor original, com uma identidade para Portugal e coleccionadores de língua portuguesa.