São horas intermináveis passadas no túnel de vento, em que tudo é estudado ao mais ínfimo pormenor. O objectivo é criar carros verdadeiramente velozes, seja em recta ou a atacar as curvas e, para isso, tão importante como a propulsão é uma aerodinâmica irrepreensível. Pináculos da velocidade e estabilidade, eis os mais aguardados superdesportivos.
Focados durante muitos anos em bater recordes de velocidade dos 0 aos 100 km/h, os fabricantes de híper carros fizeram uma viragem e apontam agora os seus esforços para alcançar a volta mais rápida, mesmo quando se fala de veículos homologados para estrada. Nesse sentido, tem existido uma atenção redobrada no desenvolvimento de sistemas de aerodinâmica activa, como comprovam as mais recentes novidades do segmento.
Novo expoente dos superdesportivos mais exclusivos, a Bugatti acaba de divulgar o Divo, um híper carro que terá apenas 40 unidades produzidas. Baseado no Chiron, coloca o recorde de velocidade, que a marca habitualmente persegue, em segundo plano. Em primeiro, está a mestria nas curvas. Tal não significa, porém, que as performances em recta fiquem abaixo das expectativas. Aliás, dotado do mesmo bloco de 8 litros sobrealimentado com quatro turbocompressores do Chiron, disponibiliza uns impressionantes 1500 cv às 6700 rpm. A diferença é que, agora, não existe o modo “Top Speed”, pelo que a velocidade máxima está limitada aos 380 km/h. O foco da marca foi mesmo torná-lo rápido nas curvas, trabalhando sobretudo a aerodinâmica e o chassis. Neste particular, existiu uma diminuição do peso de 35 kg, alcançada por via de um novo intercooler em fibra de carbono, de novas rodas e da eliminação de compartimentos de arrumação. A suspensão e a direcção sofreram afinações com vista a uma melhor resposta. Por outro lado, os pára-choques foram redesenhados, o capot tornou-se mais musculado, ostentando uma entrada de ar central, existe um novo difusor traseiro e um túnel de ar diferenciado no tecto. Tudo alterações que ajudam o Divo a produzir uma pressão negativa de 456 kg e a alcançar 1,6 G de aceleração lateral (valor 60% acima da gravidade)!
A aerodinâmica aprumada é também a aposta da Lamborghini, que tem no Aventador SVJ um novo topo de gama. O modelo introduz a evolução do sistema ALA – Aerodinamica Lamborghini Attiva, que foi estreado no Huracán Performante e que surge aqui na versão 2.0. O conceito permite variar a carga aerodinâmica em função de o objectivo ser obter baixo arrastamento para se atingir velocidades superiores ou obter uma pressão vertical superior para ganhar estabilidade em curva e eficácia nas travagens rápidas.
O design aerodinâmico exímio permitiu melhorar em cerca de 40% as forças descendentes em ambos os eixos, em comparação com o seu irmão Aventador SV, uma vez que ostenta entradas de ar mais largas, um fundo plano com geradores de vórtices e um difusor traseiro maior. Depois, há duas aletas na dianteira que, ao serem abertas (em menos de 500 milissegundos), aumentam o coeficiente aerodinâmico. Atrás, também o aileron contempla o mesmo sistema, sendo que aqui abre uma das aletas de acordo com o sentido da curva, para ajudar a colocar o veículo ao chão. O motor V12 de 6,5 litros dos outros Aventador, optimizado e com uma potência 770 cv às 8500 rpm, a caixa de sete velocidades melhorada, automática e de embraiagem dupla, e a tracção integral com a quarta geração do sistema Haldex foram os outros ingredientes necessários para transformar o Aventador SVJ em mais um carro de sonho.