A era digital chegou em todo o seu esplendor aos automóveis. Munidos de inúmeros sistemas de recolha e processamento de dados, os carros conseguem também tomar decisões e executá-las, libertando o condutor das mais diversas tarefas. E não, não falamos dos carros do futuro. São reais e já estão ao seu dispor!

A tecnologia invadiu o nosso quotidiano das mais diversas formas. Hoje, a maioria de nós não se imagina sem o seu smartphone a ligá-lo ao mundo a todo o momento, quanto mais sem ter Internet, com toda a facilidade que trouxe às nossas vidas: desde ter a informação de que necessitamos à distância de um click à possibilidade de resolver problemas ou encomendar produtos no conforto do nosso lar. É a era digital no seu pleno, com triliões de dados a serem transmitidos para a famosa “nuvem” para nos proporcionarem tudo isso!… E mesmo que não nos apercebamos desse facto, a verdade é que já exigimos essa mesma facilidade e comodidade em muitas outras vertentes do dia-a-dia. As marcas de automóveis sabem-no e, aos poucos, têm vindo a dotar os seus veículos de tecnologias que nos simplificam a vida, como os sistemas de ajuda ao estacionamento, e que nos conectam ao mundo do infotainment, através de interfaces de ligação aos smartphones e aos tablets. Se isto já não nos surpreende, que tal um carro autónomo, em que se pode deslocar enquanto lê as notícias ou tem uma reunião? Na realidade, a tecnologia já existe e tudo aquilo que nos parece tirado de um filme de ficção científica está mesmo aí, ao virar da esquina… A questão não é, portanto, se acontecerá, mas quando acontecerá.

Na verdade, a telemática transformou o automóvel num computador móvel, que recolhe, processa informações, empreende acções e transmite dados. Com base em sistemas que recorrem a satélites, radares, infravermelhos, lasers e câmaras, os carros conseguem ler o seu ambiente, receber informações sobre o trânsito em tempo real e levá-lo até ao seu destino sem que tenha de se preocupar. O grande problema é que, em termos legislativos, um automóvel tem de ter um condutor, responsável por todos os danos causados. A polémica sobre quem assume a responsabilidade num carro autónomo e o facto de as condições meteorológicas por vezes afectarem as ligações satélite têm dificultado, assim, uma difusão mais acelerada.

Enquanto as marcas realizam testes de estrada e as autoridades debatem o futuro da regulamentação, há sistemas totalmente operacionais que já estão disponíveis em veículos de série. Muitos deles já se encontram amplamente difundidos, até nos segmentos mais baixos, como são os casos do cruise control ou do apoio ao estacionamento. Aliás, no Salão de Frankfurt, que se realizou no início de Setembro, aquando da apresentação do novo Astra, a Opel hasteou mesmo como bandeira a conectividade e os equipamentos de condução semiautónoma. No entanto, existem três novidades que traçam uma nova fasquia na automatização.

 

Recentemente apresentado, o novo BMW Série 7 não deixa passar despercebida a sua vocação para as novas tecnologias: com sistemahead-up display, projecta no pára-brisas diversas informações e permite seleccionar diversas acções mediante um simples gesto. Através de um sensor 3D, pode escolher aplicações ou, por exemplo, controlar o sistema de som. Mais impressionante é a capacidade de poder estacionar o veículo, ou tirá-lo do lugar, enquanto assiste do lado de fora, recorrendo à chave-comando com mostrador táctil. Além disso, dispõe de assistência à condução, com avisos de alteração de trajectória, de alteração de faixa de rodagem, de presença de peão na trajectória do veículo, de trânsito traseiro e de prevenção de embate traseiro. Protecção activa em caso de iminência de um acidente e eCall inteligente são outras das características do novo Série 7, que se destaca ainda pela possibilidade de circular dentro da faixa de rodagem, mantendo a distância de segurança, até aos 210 km/h. Do mesmo modo, e embora o condutor tenha de manter as mãos no volante, assegurando que pode assumir o comando a qualquer momento, consegue fazê-lo não só em auto-estrada, mas também em percursos mais sinuosos.

O Série 7 tem no novo Mercedes-Benz Classe E um rival à altura no que a estes sistemas diz respeito. Através do sistema Car-to-X Communication e recorrendo a ondas rádio, consegue comunicar com outros veículos e saber antecipadamente de um obstáculo na via, emitindo um alerta em caso de perigo. Além disso, graças aos sistemas Pre-Safe Impulse Side e Pre-Safe Sound, caso preveja uma colisão, os apoios laterais dos bancos insuflam, protegendo os passageiros de impactos, e é accionado um sistema para mitigar o ruído que o embate entre dois veículos causa. Para que tal não aconteça de todo, o carro está equipado com um sistema de condução inteligente, que lhe permite circular automaticamente a uma determinada velocidade e mantendo uma certa distância do veículo que segue à sua frente. Até aos 130 km/h nem sequer precisa de fazer a leitura das faixas pintadas no chão, podendo circular mesmo que estas já se encontrem apagadas. Pode também aplicar a travagem automaticamente, nomeadamente quando detecta veículos em deslocação lenta ou peões em frente ao veículo. O Classe E recorre ainda à tecnologia NFC (Near Field Communication), o que permite que o smartphone do condutor se transforme na chave do veículo. E, por via de uma aplicação, poderá mesmo estacioná-lo sem que esteja no interior.

Os Novos Audi A4 e A4 Avant

Também a Audi tem investido fortemente no desenvolvimento e disponibilização destes sistemas. Enquanto o promissor e bastante autónomo A8 não chega, até porque rumores indicam que o seu lançamento poderá já não acontecer na Primavera de 2016, a quinta geração do A4, cuja comercialização tem início ainda no Outono, já nos presenteia com agradáveis surpresas. As ofertas de conectividade incluem omyCarManagere omyService, sistemas que permitem consultar online, através de um smartphone, tablet ou smartwatch, informações sobre o carro em tempo real (como onde está estacionado e há quanto tempo ou qual o estado de funcionamento do veículo). Pode, inclusivamente, controlar o sistema de climatização e programar o aquecimento. O A4 dispõe ainda de um total de 30 sistemas de apoio à condução. Entre eles destaque para a possibilidade de condução em modo autónomo, nas versões com caixa automática e até aos 65 km/h. Uma ajuda que será certamente bem-vinda para todos aqueles que têm de lidar com o trânsito.

Na verdade, já imaginou o quão mais agradáveis as suas viagens serão?


 

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Especializada em soluções tecnológicas de ponta para a indústria automóvel, a Delphi equipou um Audi SQ5 com os seus equipamentos de conectividade. Entre eles, destaque para o sistema Carnegie Mellon start-up, que fornece algoritmos para a condução automatizada, para os sensores de radar e para as câmaras panorâmicas de alta resolução. Em modo de condução totalmente autónomo, este Audi SQ5 realizou a condução automatizada mais longa na América do Norte, percorrendo 5500 km em nove dias sem intervenção humana.


 

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Google

A Google foi pioneira no desenvolvimento de tecnologias e testes para a condução autónoma. O Google Car não ficará certamente na história pela sua beleza, mas provou que a condução automatizada é concretizável. Além disso, fez a proeza de espicaçar a Apple, que deverá também avançar com o desenvolvimento de um carro autónomo.

Apaixonada por automóveis e em demanda de emoções fortes, no momento de escolher uma vertente do jornalismo, Andreia Amaral não teve dúvidas de que escrever sobre carros seria o que a faria feliz. Ao longo da sua carreira, trabalhou para diversas publicações do sector. Ecléctica em interesses, hoje, divide o seu tempo entre dois amores: os motores e a Economia. Para além de colaborar com diversas revistas, é editora da Turbo Oficina e do Guia Empresarial (suplemento do JN).