O famoso cinegrafista francês Yann Arthus-Bertrand uniu forças com a Omega para produzir um novo filme – Terra –, que irá enviar uma mensagem ambiental ao mundo. Nick Smith visitou os bastidores das filmagens no Botsuana…

O nosso helicóptero arremete com graça e precisão apenas alguns metros acima de uma das paisagens mais deslumbrantes do mundo. A leste, o sol nascente evapora a névoa matinal enquanto, a oeste, os últimos vestígios da noite desaparecem lentamente. Num majestoso panorama de 360 graus, estende-se uma paisagem ininterrupta de uma das maiores maravilhas naturais de África: o Delta do Okavango. O “pântano” é uma impenetrável área selvagem com vegetação emaranhada, ilhas sazonais, canais aquáticos labirínticos e uma fauna tão surpreendentemente abundante que, em comparação, até os melhores documentários televisivos sobre história natural parecem banais.

 

Nos bastidores

Sentado à minha frente no helicóptero de quatro lugares está um dos fotógrafos aéreos mais talentosos do mundo. Yann Arthus-Bertrand goza de uma reputação internacional graças à sua carreira brilhante. Ganhou fama como o homem por detrás do monumental A Terra Vista do Céu, livro que vendeu milhões de exemplares em todo o mundo e foi traduzido para 30 idiomas. A exposição que acompanhou essa obra revolucionária foi exibida em 120 cidades mundo fora, encantando 200 milhões de visitantes com as suas imagens extraordinárias. Se há um nome conhecido no mundo da fotografia, esse nome é Yann Arthus-Bertrand.

Tirar fotografias de um helicóptero é simplesmente emocionante. Ficamos sentados no lado esquerdo do aparelho, de onde as portas foram retiradas: não há nada entre nós e o céu azul e límpido de África, a não ser os nossos cintos de segurança. Mas este é o trabalho quotidiano de Yann, que mais tarde me diz que seria impossível sequer calcular quantas vezes já esteve lá em cima em busca da fotografia perfeita. Hoje, porém, não está a tirar as fotografias estáticas convencionais pelas quais é reconhecido. Está a gravar vídeos para o seu mais recente filme. Terra é a obra-prima de Yann: nada menos do que um hino à beleza e fragilidade do mundo em que vivemos, um projecto que, assim espera o artista, chamará a atenção para o impasse ambiental que ameaça o planeta.

A menos que estejamos na Antárctida ou no meio de um dos grandes desertos de areia do mundo, não há, no planeta Terra, nenhum lugar mais remoto do que o Delta do Okavango, no Botsuana. Para lá chegar, o ponto de partida é Joanesburgo, na África do Sul, onde cheguei após uma noite de voo a partir de Londres. De Joanesburgo, são mais quatro horas em direcção a norte num pequeno avião até Maun, um povoado sossegado agrupado em torno do único aeroporto em centenas de quilómetros. Mas ainda não estamos nem perto do destino, ao qual só se chega noutro voo num avião ainda mais pequeno, sacudidos na estrada num Land Rover modificado em estilo safari e fazendo uma revigorante travessia de uma hora através de cursos de água estreitos e rasos numa lancha. Após 24 horas de viagem contínua, finalmente cheguei à Ilha de Pesquisa Baboon, um minúsculo pontinho de terra firme no famoso delta de Botsuana, onde enfim encontrei Yann e a sua equipa de apoio. Nos próximos dias, esta antiga base científica será o meu ponto de referência enquanto estiver no encalço do grande fotógrafo francês, com o objectivo de ter uma ideia do que acontece nos bastidores da realização dos seus filmes.

 

Eco-guerreiro na linha de frente

Como Yann gosta de filmar apenas de manhã cedo ou ao final da tarde, quando o sol africano proporciona imagens douradas, temos muito tempo durante as horas mais quentes do dia para conversar sobre a filosofia por detrás de “Terra”. Sentados à sombra de uma acácia, perto do canal que circunda a Ilha de Pesquisa Baboon, podemos ver um grupo de hipopótamos a apanhar banhos de sol preguiçosamente e uma pequena manada de elefantes curiosos que vieram ver o que estávamos a fazer, enquanto ouvimos a incessante tagarelice de incontáveis garçotas, garças e cegonhas, que fornecem uma banda sonora exótica à nossa conversa.

“Hoje em dia eu não me considero um fotógrafo”, diz Yann, explicando que prefere ser visto como um guerreiro ecológico ou activista ambiental, que, como presidente da Fundação GoodPlanet, se tornou defensor de uma atitude mais responsável para proteger o futuro do planeta. É um universo cheio de jargão ecológico que às vezes pode parecer um idioma estrangeiro, mas, se entendi bem o que Yann quis dizer, nas suas palavras mais simples, ele comprometeu-se a realizar filmes que façam as pessoas pararem para pensar. Os seus documentários, evocações deslumbrantes da beleza do planeta, são normalmente filmados a partir de um helicóptero e transmitidos sempre em câmara lenta. Para isso, a Fundação GoodPlanet necessita de patrocínio empresarial. A visão de Yann é possibilitada pela colaboração com o programa de responsabilidade social da Omega. O director de cinema francês manifesta abertamente a sua admiração e gratidão pela empresa relojoeira, que o “ajuda a fazer filmes que podem mudar o mundo”.

“De um ponto de vista criativo, eu gosto do Delta porque é simplesmente o melhor lugar para filmar animais”, diz Yann, descrevendo em seguida a sua reacção instintiva à ideia de trabalhar no Botsuana: “quando estamos à procura de um local de filmagem, precisamos saber de antemão que este será perfeito: um lugar onde sabemos que é fácil captar imagens. Aqui, cada dia é melhor do que o anterior. Quando olho para algumas das sequências que filmamos, é surpreendente.”

Porém, a visão de um único homem necessita, nos bastidores, de logística, tecnologia digital e de uma equipa de proporções épicas. A Ilha de Pesquisa Baboon é o lar temporário de não apenas um, mas três helicópteros. O primeiro é utilizado para filmar o documentário propriamente dito, enquanto o segundo serve para fazer as “captações aéreas” que entrarão no “making of” do filme, nas cenas extras do DVD. O terceiro helicóptero é simplesmente um aparelho para evacuação de emergência médica. O hospital mais próximo fica a várias horas de voo dali. Se alguma coisa der errado no meio da selva, pode ser um drama. Mas tudo corre sempre bem.

 

Promover mudanças

A sequência que Yann filmou no Botsuana desempenhará um papel fundamental na história de Terra. Porém, como o próprio artista admite, esta implica um custo ambiental. O nosso safari aéreo matinal consistiu em duas horas, mas forneceu apenas um décimo das imagens que Yann irá capturar antes de ir para o próximo local de filmagem. Então, quantas das 20 horas realmente acabarão por fazer parte do filme? A resposta é que a participação será “microscópica”. O artista também está extremamente ciente de que o transporte ininterrupto de unidades e equipamentos de filmagem pelo mundo todo contribui para emitir gases de efeito de estufa, o que parece contra produtivo em relação à sua missão. No entanto, desde o princípio da carreira, sempre procurou compensar a sua emissão de carbono. Na verdade, foi assim que a Fundação GoodPlanet começou, pois o fotógrafo imaginou formas de pagar com boas acções a sua dívida ambiental perante o mundo. “As pessoas tendem a pensar que tudo se deveria resumir a plantar árvores. Na verdade, trata-se de ajudar as pessoas a terem vidas melhores. Eu coordeno projectos na Indonésia e na Índia para fornecer água mais limpa, monitorizar a poluição, reduzir o desmatamento e gerar empregos.”

Para Yann, estimular a consciencialização quanto à causa ecológica permite contrabalançar o modesto impacto ambiental do seu trabalho. Além disso, para o artista, não é prático parar de voar, pois precisa de transmitir a sua mensagem. Aos 70 anos de idade, enquanto a maioria das pessoas talvez pense que está na hora de levar uma vida mais sossegada, Yann está mais determinado do que nunca a fazer com que a sua voz seja ouvida.

“Eu faço o que faço porque preciso de o fazer. Sou uma pessoa extremamente curiosa e adoro fazer imagens. O que procuro fazer é conversar com as pessoas sobre os problemas com os quais a humanidade se confronta. Para isso, é necessário dirigirmo-nos ao coração delas, não à mente. Se conversarmos com as pessoas num registo intelectual, podemos mudar algumas coisas, mas não muito. O público só quer consumir. E isso não é bom. É necessário seguir na direcção oposta. Acho que precisamos de uma revolução científica. Mas isso nunca vai acontecer enquanto continuarmos a consumir 85 milhões de barris de petróleo por dia. Não podemos mudar o mundo com painéis solares e moinhos de vento. E, enquanto isso, a economia mundial precisa de continuar a comprar e vender para poder funcionar. Onde está a espiritualidade aí? Onde estão a ética e a moral? Se quisermos mudar o mundo, temos de ser activistas. Seiscentos milhões de pessoas viram o meu último filme, o que me faz pensar que estou a fazer um bom trabalho. Como amo o que faço, não me vou reformar de forma alguma. Vou continuar a trabalhar até ao último dia da minha vida.”

 

Está na hora de mudar

A Omega uniu forças com a Fundação GoodPlanet e Yann Arthus-Bertrand com o intuito de enviar uma mensagem de boa vontade ambiental ao mundo. É uma colaboração que data de 2011. Primeiro, foi realizado o filme Planet Ocean, de enorme sucesso, que contou com o apoio de vários projectos de preservação ambiental activos, incluindo a restauração e conservação de recifes de coral e mangues na costa de Celebes, na Indonésia.

Amandiers

Porém, a empresa relojoeira também quis comemorar a parceria com o lançamento de uma nova colecção de relógios. Para ajudar a perpetuar o trabalho da fundação, a Omega doa uma percentagem do lucro dos relógios Aqua Terra “GoodPlanet” a um novo projecto de protecção dos animais selvagens que foi estabelecido no Botsuana.

O relógio Aqua Terra “GoodPlanet” apresenta um estilo e um encanto que combinam com as vastas paisagens e oceanos do mundo. Fabricado com robusto titânio grau 5, destaca-se instantaneamente pelo uso simbólico da cor do oceano. Este tom encontra-se nos índices aplicados azuis, no logotipo da Omega e nos ponteiros facetados azuis, que viajam sobre o mostrador branco lacado. O relógio apresenta uma pulseira de titânio grau 5 polido e escovado ou uma pulseira revestida a tecido de nylon azul com costura branca e fecho de báscula.

Existem dois modelos: o primeiro é o modelo de 43 mm, alimentado pelo calibre Master Co-Axial 8605 da Omega. O mostrador apresenta um indicador GMT 24 horas, composto por um ponteiro GMT com ponta vermelha, permitindo que o utilizador acompanhe o horário internacional. Esta versão também inclui uma janela de data às 6 horas. O segundo modelo, movido pelo calibre Master Co-Axial 8500 da Omega, possui um diâmetro de 38,5 mm e janela de data às 3 horas. Em ambos, o movimento é visível através do fundo da caixa em vidro de safira resistente a riscos. O verso apresenta ainda gravações, incluindo a menção exclusiva “GoodPlanet Foundation” em verniz azul. Estes relógios são, não só magnificas peças de coleccionador, mas também permitem que o utilizador mostre que contribuiu para o fantástico trabalho que vem sendo liderado pela incansável dedicação de Yann às causas ambientais.

Yann não poderia estar mais feliz com a amizade colaborativa que fez com a Omega. Embora o fotógrafo seja totalmente contra o que considera como um desperdício do consumismo moderno, não vê nenhuma ironia no facto de a relojoaria suíça fazer a sua parte para transmitir uma mensagem de responsabilidade ambiental. “Eu não conseguiria cumprir a minha missão sem entidades como a Omega, que estão dispostas a contribuir para o futuro do planeta de modo tangível. O que a empresa faz mostra que se preocupa. É claro que as pessoas sempre desejarão relógios bonitos: é assim que o mundo gira, e eu não faço nenhuma objecção a isso. Não há motivo para as pessoas que compram relógios de luxo não poderem desempenhar um enorme papel na difusão da mensagem.”

 


Por uma revolução espiritual

Um apelo à mudança feito por Yann Arthus-Bertrand para garantirmos a sobrevivência da natureza.

Sob a luz da manhã, espalhando-se pela savana, uma manada de antílopes foge apressada enquanto um leão à caça entra em cena. À sombra das árvores, um bando de pássaros brancos levanta voo, passando como um raio pelas sombras da vegetação local nas planícies do Okavango, um imenso delta continental que ocupa 18.000 km2 de Botsuana. Cada segundo que transcorre nesses recantos do mundo é de uma beleza impressionante. Uma beleza frágil e ameaçada que o público em geral descobriu graças à divulgação de Terra, o segundo filme da obra em duas partes co-dirigida com Michael Pitiot e patrocinada pela Omega, após o sucesso de Planet Ocean. Assim como a área superficial dos oceanos, preservar as últimas reservas de animais selvagens do planeta – hoje reduzidas a cerca de 2% da biomassa de vertebrados, enquanto os humanos e os seus animais domesticados, incluindo criação pecuária, ocupam 98% – tornou-se uma questão essencial para a nossa sobrevivência.

Como chegámos à situação actual? Como pudemos deixar as coisas se deteriorarem a tal ponto? É tarde demais para falarmos em catástrofes. Os próximos 50 anos serão decisivos. Como será que nós, que estamos totalmente cientes do estado do mundo, reagiremos? John Kerry, secretário de Estado dos Estados Unidos, uma vez perguntou sabiamente se, aos olhos da civilização que nos sucederá, seremos vistos como aqueles que deixaram o planeta cair em direcção à ruína ou se seremos considerados como aqueles que conseguiram reverter a tendência. Para alcançar essa mudança de paradigma, a nossa sociedade precisa conseguir desapegar-se do seu modelo económico mundial, desta rede enraizada na obsessão pelo crescimento – em outras palavras, iniciar uma verdadeira revolução espiritual.

Essa revolução começa com a conscientização da nossa coabitação com os animais selvagens, que continuamos a asfixiar diariamente. Devemos voltar a ligar-nos ao espírito ancestral da natureza, revitalizar os vínculos mútuos que constituem a força dos ecossistemas, proteger cada fragmento de vida com tanto cuidado quanto protegemos a nós mesmos e equilibrar a nossa proporção com a do mundo. É com este espírito que, em Janeiro, iniciámos a segunda etapa do programa Time for the Planet, apoiado pela Omega, que visa melhorar a coabitação dos homens e elefantes em duas regiões do Botsuana: o Delta do Okavango e os arredores do rio Boteti. Em algumas reservas, a população de elefantes ultrapassou a dos grupos humanos e, embora tragam benefícios em termos de turismo e ecologia, a cada ano causam graves danos à já frágil economia de certas comunidades agrícolas. Dando apoio ao trabalho de duas ONGs que operam no local durante três anos, o programa Time for the Planet reduzirá a vulnerabilidade das populações locais, respeitando as manadas de elefantes ao antecipar o movimento dos animais e, ao mesmo tempo, modernizar os métodos de cultivo e a protecção das colheitas. Está na hora de fazermos bom uso do nosso conhecimento científico e tecnológico, a fim de contribuirmos para a sobrevivência dos animais selvagens e da natureza. É simplesmente uma questão de sobrevivência.


Fotografia de Yann Arthus-Bertrand