
Além das questões relacionadas com a qualidade dos materiais, a precisão de fabricação, o desenho dos componentes, o que é certo é que se a água e/ou poeiras não entram dentro das caixas dos relógios é porque são utilizados vedantes em todos os lugares onde existem “aberturas” na caixa.
Seja no vidro, no fundo, na coroa ou noutros botões, a presença de vedantes nesses elementos é essencial para preservar a máquina, o mostrador e os ponteiros, das “agressões” causadas pela humidade ou pelo pó. Salvo algumas (poucas) excepções, estamos a falar de elementos com um custo de produção irrisório, mas cujo benefício é enorme. Visto serem invisíveis, muito raramente pensamos neles, a não ser quando já é tarde demais…
Estes elementos são fabricados a partir de matérias da família dos plásticos (Termoplásticos) e das borrachas (Elastómeros), tais como: Hytrel, Zytel, Teflon, Nylon, borracha natural ou sintética. Os termoplásticos são sempre utilizados em conjunto com os vidros e em muitos dos fundos de pressão. A este material pede-se que tenha a resistência mecânica dos plásticos, a flexibilidade das borrachas e que, ao nível da produção, tanto possa ser feito por injecção como maquinado.

No caso das borrachas, estas são sempre utilizadas nos fundos roscados, nas coroas pistões, válvulas de hélio e correctores. A maioria dos fundos aparafusados possui um vedante de borracha. Os mais utlizados são os tóricos de forma redonda, comumente chamados de O-ring, mas todas as formas são possíveis de realizar, visto poder ser fabricado por injecção. A este tipo de vedante pede-se que suporte grandes deformações e que não se molde facilmente, isto é, que depois de deformado recupere a sua forma inicial.

Estas matérias estão presentes em diversos objectos do nosso dia-a-dia e quantos de nós já não teve um que se danificou por estar ressequido? No caso dos relógios é idêntico. Estes finos e delicados vedantes precisam de ser substituídos periodicamente pois também eles vão alterar-se, perder as suas qualidades e deixar de vedar a partir de certa altura. A luz do sol, a humidade, a água salgada, as variações de temperatura, os solventes, perfumes, cremes de beleza, são tudo factores que vão ajudar a deteriorar os vedantes. E, quanto mais vezes subtermos um relógio a este tipo de agentes, mais rapidamente de adulteram. Se para algumas pessoas, substituir os vedantes a cada revisão geral é suficiente, outras deverão fazê-lo todos os anos se, por exemplo, praticarem mergulho.

Outro elemento a ter em consideração (e muita!) e que nada poderá a ter com a condição do vedante, é quando a coroa ou um pistão está torto. A partir desse momento, o veio interior está desviado e o vedante que nele está colocado também o está e poderá não desempenhar a sua função correctamente, deixando de vedar.