Em parceria com a Omega, o fotógrafo e ambientalista Yann Arthus-Bertrand realizou Planet Ocean, um documentário sobre a conservação dos oceanos com imagens aéreas e subaquáticas absolutamente geniais, 33 das quais se encontram em exposição no Oceanário de Lisboa até 6 de Janeiro. Por ocasião da inauguração desta mostra, Arthus-Bertrand falou com a Turbilhão sobre o filme e revelou porque acredita que, para “salvar” o mundo, é necessária uma revolução espiritual, ética e moral.

Como é que surgiu a ideia de fazer este filme?

Foi um pedido da Omega, que tem um relógio chamado Planet Ocean. Na altura não me passava pela cabeça fazer um filme sobre os oceanos porque não sou fotógrafo subaquático nem realizador. Nessa época estava sim a pensar fazer um livro com as minhas fotografias aéreas e algumas de arquivo. Mas a ideia da Omega agradou-me, sobretudo porque o que se pretendia era fazer um filme livre de direitos que pudesse ser utilizado por todos sem restrições. É um filme com fotografias aéreas e subaquáticas o que, na realidade, não é assim tão diferente como possa parecer. Mas como não sou um especialista em oceanos falei com o Michael Pitiot para ser o meu co-produtor. Depois disso viajámos pelo mundo, pedindo a alguns dos melhores mergulhadores do mundo para nos cederem as suas fotografias e eles fizeram-no e de graça. No fundo, o filme Planet Ocean acabou por ser uma colaboração entre várias pessoas e entidades interessadas em mudar a imagem do mundo. A parceria com a Omega foi fantástica. A marca envolveu-se bastante, disponibilizou todos os meios necessários e deu-nos liberdade total.

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Qual é a principal mensagem do filme?

Não é fácil… pelo menos agora. Lembro-me que há 20 anos quando fui ao Rio, para assistir à conferência ambiental, na altura queríamos mudar o planeta. Agora sabemos que é impossível fazê-lo. A nossa civilização é baseada no comércio. Qualquer governo quer vender mais, porque se o fizer há mais impostos e com eles podem pagar escolas, hospitais, estradas, etc.. Portanto a ecologia é algo em que pensamos sempre depois. Combater a economia é uma luta inglória. No fundo, a mensagem do filme é a de que precisamos de uma revolução, não económica ou política, mas espiritual, ética e moral. Penso que a mensagem é fazermos uma reflexão sobre a nossa forma de viver. Eu não como carne. Há uns anos vi um documentário sobre o impacto do consumo de carne e optei por deixar de comer. Foi muito fácil. Acho sinceramente que quando está na nossa consciência é fácil de fazer.

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